“Cinquenta Sombras de Grey” fez sair da penumbra a bela voz de Ellie Goulding, com Love Me Like You Do, mas também nos proporcionou a recordação de um grande êxito de Beyoncé: Crazy in Love. Os produtores de “50 Sombras de Grey” não falharam na escolha, pois o mega sucesso de Beyoncé adequa-se na perfeição ao perfil do filme. Crazy in Love faz referência às loucuras que fazemos quando estamos apaixonados; ao descontrolo total que a paixão causa, de tal modo que nos leva a transgredir as regras do bom senso, do carácter e do decoro.
Em 2003, Beyoncé, o produtor Ricky Harrison e Jay-Z construíram uma letra, que a voz e o corpo de Beyoncé completaram na perfeição, para traduzir esse descontrolo obsessivo a que o amor e a paixão nos conduz. Por causa deles cometemos erros, causamos injustiças, ferimos e somos feridos, vivendo um caldeirão de emoções que não conseguimos compreender, justificar, controlar. Fazemos coisas embaraçantes sem vergonha, nem culpa… nem arrependimento.
Este transe emocional passa da letra para a música através do ritmo e da dança. Beyoncé fez questão de gravar um videoclip (também ele premiado com um MTV European Awards) transbordante de sensualidade, onde explicita corporalmente todo o descontrolo emocional que o(a) apaixonado(a) experimenta. Depois há ainda o ritmo: contagiante, sedutor, viciante. Através dele, os sentidos percecionam melhor o poder de uma obsessão amorosa.
A dupla Beyoncé Jay-Z criou uma “bomba musical” que mistura os ritmos & blues com elementos de funk na medida certa, de tal maneira que arrebata o bom senso dos mais certinhos. É irresistível aquela combinação do poderoso e triunfante refrão (uh oh, Uh oh, Uh oh, Uh no no) com a batida herética do hip-hop.
Parece que a melodia foi feita para uma dança sexy de Beyoncé, mas a verdade é que a cantora “apenas” consegue ser a intérprete perfeita para traduzir a loucura sem culpa a que o amor nos conduz.
Doze anos depois, “50 Sombras de Grey” recuperou este enorme sucesso de Beyoncé, iluminando a sua feição sensual, erótica, perversa. Gosto muito mais da versão original de Beyoncé – aquela paixão incontrolada, louca e selvagem era mais pura, era mais Amor.
Gabriel Vilas Boas
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