São Jerónimo, de Albrecht Dürer é um dos
mais importantes quadros da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga, em
Lisboa.
Este óleo sobre madeira data de 1521, ou
seja, do período renascentista, e apresenta-nos São Jerónimo já de avançada
idade, numa posição reflexiva, no seu escritório.
São Jerónimo morreu em 89, em Belém, tendo
dedicado a sua vida ao estudo das Sagradas Escrituras, à sua tradução e à redação de tratados doutrinais. Jerónimo fez quatro anos de penitência no
deserto e formou espiritualmente numerosos discípulos.
Para pintar São Jerónimo, Dürer escolheu
um modelo, na rua, um velho de 93 anos, que, com a sua expressão enrugada e
venerável, pudesse transmitir a força desta personagem sagrada.
Ao nível da composição, esta obra está
organizada a partir de uma diagonal que começa no crucifixo, continua na mão
direita (sobre a qual apoia a sua cabeça), nos olhos, na mão esquerda e no dedo
indicador que assinala a caveira. Tudo parece indicar uma mensagem cuja leitura
passa por este caminho.
Neste quadro de Dürer, destacaria dois
pormenores: a mão esquerda do santo sobre a caveira e a parte central esquerda
do quadro onde sobressai o manto de São Jerónimo.
No primeiro caso, devemos notar que Dürer
fez questão de pintar uma mão enrugada, curtida pelo sol e suja, como se de um
camponês se tratasse. Neste sentido, Dürer adianta-se oitenta anos aos cânones
pictóricos, pois no começo do século XVII, Caravaggio escandalizará a sociedade
romana quando usou mendigos como modelos dos seus quadros.
No segundo caso, devemos notar a
exuberância das ondulantes barbas brancas de São Jerónimo e a grande superfície
vermelha do seu manto.
Este vermelho, que atrai a atenção do
espectador, é visto frequentemente na pintura nórdica.
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