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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A MORTE DO PRIMEIRO ANARQUISTA, 1865



Em 19 de janeiro de 1865, Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) morria, nos arredores de Paris. Foi um dos primeiros socialistas utópicos e o primeiro a autodenominar-se anarquista.
  Proudhon era um autodidata, nascido no leste da França, e defendeu acerrimamente que os trabalhadores deviam deter os bens produtivos em comum, trabalhando em colaboração uns com os outros de modo colaborativo, e assim opor-se ao capitalismo e ao poder do Estado.
Em 1840 proferiu a memorável frase «A propriedade é um roubo!», foi mais longe ao afirmar, algum tempo depois, que a «Anarquia é a ordem».


Ser governado é ser vigiado, inspecionado, espiado, dirigido, ditado pela lei, numerado, regulado, alistado, doutrinado, criticado, controlado, verificado apreciado, avaliado, censurado, comandado por criaturas que não têm o direito, nem a sabedoria, nem a virtude para o fazer. […] É, sob o pretexto da utilidade pública, e em nome do interesse geral, ser coletado, sugado, espoliado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, burlado, roubado; depois, à menor resistência, ao primeiro queixume, ser reprimido, multado, vilipendiado, assediado, perseguido, molestado, agredido, desarmado, amarrado, asfixiado, preso, julgado, fuzilado, deportado, sacrificado, vendido, traído; e, para culminar, troçado, ridicularizado, escarnecido, ultrajado, desonrado. Isso é o Estado; essa é a sua injustiça; essa é a suam moralidade."
Pierre-Joseph Proudhon   

Ao contrário daqueles anarquistas do século XIX que adotaram a chamada «propaganda através atos», que encorajava outros a levar a cabo a revolução através de bombas e tentativas de assassínio, Proudhon evitou a violência, mesmo durante a revolução parisiense de 1848 que deu origem à Segunda República Francesa. O inventor do «anarquismo» preferia a escrita como meio de fazer avançar a sua causa, e usou-a com energia, como muito bem o demonstra o energético texto supra citado sobre os malefícios do Estado. Pena é que nem todos os anarquista fossem como ele!

1 comentário:

  1. A VIDA DO PRIMEIRO ANARKISTA
    Réplica ao texto
    → Proudhon não foi um socialista utópico. Aliás essa designação de “utópico” está longe de ser um bom termo classificatório para as ideias socialistas, uma vez que ela foi criado por Engels com a finalidade de detratar todo o movimento socialista, e substituí-lo por sua falsificação, o tal “socialismo científico”. Acontece que nem os “utópicos” foram irrealizáveis muito menos o “socialismo científico” é científico, antes, é dogmático.
    → Proudhon não foi um totalmente um autodidata. Sua mãe o ensinou a ler desde que era uma criancinha, através de livros bíblicos e lendas de cavaleiros franceses. Por sua precocidade ganhou bolsa no colégio de Bensançon, onde era o único aluno descalço da sala. Trabalhou como tipógrafo especializado em latim e editorou livros de Fourier, que o iniciou no pensamento socialista ernquanto discutiam o projeto do livro.
    → A ideia econômica de Proudhon (ele foi o primeiro a unir socialismo e economia) era muito baseada nos métodos de ajuda mútua dos tecelões da seda de Lyon, porém acrescida de uma significação mais ampla de proposta de organização sócio-econômica e política, o mutualismo. Não defendeu o comunismo, que em sua época tinha apenas a forma autoritária, antes, defendeu que cada trabalhador recebesse cem por cento do que tinha produzido, sem atravessadores e outros parasitas da produção. Nessa fase inicial, o pensamento econômico anarquista ainda se baseava muito no trabalho individual, uma vez que tinha como base o trabalho de tecelões que possuiam máquinas em suas casas.
    → Ele propunha uma forma de capitalismo porém já apontando para um método alternativo de produção, distribuição e consumo: propunha uma organização descentralizada e federativa, com liberdade comercial mundial plena (o fim das taxas de importação e exportação), com bancos que não cobravam juros e faziam empréstimos a pessoas sem posses.
    → Como sua proposta se baseava em uma forma de organização primordialmente econômica, e em seguida social, sua política se expressava de maneira libertária (o termo “libertário” foi criado justamente para que Proudhon pudesse ser classificado em algo que não fosse “liberal”), ou seja, sem a necessidade de um corpo institucional que faria empecilhos à liberdade: o Estado.
    → Não há ruptura entre Proudhon e os anarquistas que surgiram depois dele, antes, há uma organicidade de modo que Bakunin e Kropotkin fizeram upgrades ao sistema filosófico e à proposta econômico-política de Proudhon.
    → Já a “propaganda pelo ato”, ao contrário do que se costuma afirmar, nada tem a ver com violência. Esse termo surgiu quando Bakunin, observando que o exemplo da Comuna de Paris de 1871, que colocou em prática as ideias proudhonianas do mutualismo, com sucesso, disse que atos valiam mais como propaganda do que comícios, livros teóricos e panfletos. Anos mais tarde, em uma tentativa de criminalizar o movimento anarquista, que apoiava greves de trabalhadores que incomodavam o status quo, inventaram que anarquistas eram violentos e que a propaganda pelo ato significava jogar bombas.
    → Na verdade todos os anarquistas são como Proudhon, e todos nós defendemos meios pacíficos e de convencimento para levarmos à frente nossas propostas revolucionárias. Nossas principais armas de luta são meios econômicos, como greves, boicotes e sabotagens. Porém nos guardamos o direito de enfrentar a reação com força igual ou maior à que aplicam contra nós, seja quando formam grupos de extermínio contra trabalhadores ou quando tentam destruir uma experiência social anárquica. Nossos inimigos bélicos naturais são os fascistas/nazistas e os marxistas, contra os quais lutamos na Revolução Espanhola de 1936.

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