«Estamos a embrutecer. Brutal
violência como esta não há noutros países desenvolvidos. Somos o único país
desenvolvido da Terra que vive estes assassínios em massa a cada par de meses.»
Estas palavras duras,
desoladas, magoadas de Barack Obama não têm muitas horas e foram proferidas
após mais um ataque de mais um tresloucado americano que decidiu matar dez
jovens sem razão aparente.
Pela 15.ª vez no seu
mandato, Barack Obama foi obrigado a fazer uma declaração de pesar e dor
perante mais um acontecimento negro da história quotidiana americana. Como muito
bem referiu o presidente dos EUA «De alguma forma isto tornou-se rotina, como
rotina se tornou a minha resposta.». Obama sente que as suas desculpas, as suas
preces, em nome da grande nação americana soam a falso perante o mundo inteiro,
pois ninguém percebe como os americanos continuam com uma lei de armas tão
permissiva. Como muito bem destacou Ricardo Araújo Pereira, no “Governo Sombra”
desta semana há um Estado norte-americano onde dois cegos podem comprar
legalmente uma arma se lhes apetecer, mas dois homossexuais não podem casar se
for essa a sua vontade, ou seja, nesse estado é mais perigoso dois homossexuais
aos beijos na rua que dois cegos a disparar no parque.
Os americanos têm um
grave problema legal, mental e social com o uso das armas. As suas leis são
despudoradamente permissivas. Qualquer um pode ter uma arma para uso pessoal
sem ter que preencher nenhum requisito especial para tal. Obama tentou desde o
início do seu mandato mudar esta situação, mas os dois maiores partidos, o
Congresso, o poderoso lobby das armas, o National Rifle Association, impediram
que Obama conseguisse aprovar uma lei das armas que nem era nada de especial:
os vendedores deviam verificar o cadastro e o estado de saúde mental daqueles a
quem vendiam armas, antes de procederem à venda. Foi recusado!
Entendo perfeitamente
toda a frustração de Obama. O homem que pôs os pobres no Serviço Nacional de
Saúde, o homem que impediu que milhões de ilegais fossem deportados desde já, o
homem que reatou relações com Cuba, não conseguiu impedir que loucos,
cadastrados, Serial Killers comprem as armas que lhes apetecer, com calibres só
ao alcance de forças militares, de uma forma tão simples como adquirem uma
coca-cola.
A National Rifle
Association diz que está na Constituição que qualquer americano pode ter uma
arma para defesa pessoal. Obviamente a Constituição americana anda a precisar
de mais uma emenda! Não é admissível que os americanos gastem milhões na luta
contra o terrorismo e depois permitam que todos os meses um terrorista qualquer
elimine dez ou vinte inocentes.
Os norte-americanos têm
definitivamente que perceber que não vivemos já no faroeste e que o tempo dos
cowboys há muito que acabou.
Gabriel
Vilas Boas
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