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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A BATALHA DE LEPANTO, 1571



Na Batalha Naval de Lepanto, travada ao largo da costa do mar Adriático, a armada turca otomana foi derrotada por uma coligação cristã que integrava elementos espanhóis, venezianos, genoveses e savoiardos e eram comandada por Don João da Áustria (meio-irmão de Filipe II de Espanha). Após um reencontro de mais de 200 galés de cada lado, foi concedida a liberdade a 20 mil escravos das galés da armada turca.

No dia da Batalha, à tarde (antes que algum mensageiro pudesse sequer chegar a Roma), o Papa Pio V interrompeu uma reunião no Vaticano para assomar à janela e anunciar a vitória. Mais tarde, dedicou-se a vitória a Nossa Senhora do Rosário. No entanto, o grão-vizir turco Mehmed Sokullu, menosprezou a derrota perante o embaixador veneziano:
“Vinde ver como suportamos o nosso infortúnio. Mas quero que saibeis qual a diferença entre a vossa perda e a nossa. Ao arrebatar-vos Chipre [em 1570], despojamos-vos de um braço; ao derrotar a nossa armada haveis aparado apenas as vossas barbas. Um braço, uma vez decepado, não volta a crescer; mas umas barbas crescem tanto mais quanto melhor for a navalha.”

O grão-vizir estava enganado, pois provou-se que Lepanto foi uma das batalhas decisivas da História. O Império Otomano nunca mais conseguiu desafiar o ocidente por mar, embora continuasse a ameaçar a Hungria e a Áustria por terra durante mais um século.
Lepanto é uma data que os cristãos gostam de recordar e os muçulmanos de esquecer; já eu prefiro olhar para o dia 7 de outubro de 1571 como mais um momento em que os homens usaram a religião para justificar os seus impuros desejos de poder, de domínio ilegítimo sobre outro ser humano.   
Custa aceitar que que um Papa, como Pio V (que ironia o nome que escolheu para o seu pontificado) tenha dito a propósito: “Agradeçamos ao Senhor: a armada cristã alcançou a vitória.
Enquanto aqueles que representam as diversas religiões acharem que o Reino de  Deus são os territórios deste planeta, que o seu Deus ficará contente com a aniquilação dos fiéis de outra religião, que Deus aprova a barbárie, haverá cada vez menos interessados no Reino dos Céus.

Gabriel Vilas Boas

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