As palavras Carmo e Trindade referem-se aos conventos do Carmo e da Trindade, que ficavam a poucos metros um do outro, no Chiado, em Lisboa. Aliás a zona tinha muitos conventos que acabaram por desaparecer, primeiro com o terramoto e depois com a extinção das ordens religiosas no nosso país em 1834. No fundo, o Chiado passou de conventual e comercial, mas não estamos a falar de doces.
Outras tragédias
haveriam de marcar esta zona nobre da cidade de Lisboa que literalmente
renasceu das cinzas e hoje atrai milhares de pessoas às suas ruas, entre
lisboetas e turistas.
No entanto, temos de recuar ao fatídico 1 de novembro de 1755. No dia do grande terramoto estes dois conventos foram dos mais afetados e destruídos da cidade de Lisboa. Perante a desgraça, alguém terá exclamado: “caiu o Carmo e a Trindade!” e a frase ficou para sempre como uma manifestação de catástrofe e horror.
Na verdade foi a
localização do convento do Carmo que ditou a sua destruição. De frente para a
colina do castelo, num lugar cimeiro e com vista privilegiada, este convento foi mandado erigir pelo
Condestável, Nuno Álvares Pereira. Dedicado a Nossa Senhora do Vencimento do
Monte do Carmo, viu as primeiras pedras serem colocadas no final do século XIV
e demorou trinta anos a ser construído devido às dificuldades levantadas pela
localização.
No dia do sismo, a
estrutura não resistiu aos abalos e as velas que no interior do convento
estavam já acesas para a festa de todos os santos acabaram por provocar um
incêndio que consumiu o resto.
Das ruínas ainda se
aproveitaram alguns espaços: é aqui que fica hoje o Quartel do Carmo, o
Comando-Geral da GNR, onde em 1974, o presidente do Conselho do Estado Novo,
Marcello Caetano, se refugiou dos militares da revolução de 25 de abril, num
cerco liderado pelo capitão Salgueiro Maia. A GNR partilha os antigos espaços
do convento do Carmo com o Museu Arqueológico.
Já o Convento da
Santíssima Trindade estava parcialmente onde hoje funciona a Cervejaria
Trindade. Foi fundado na Idade Média, sofreu um grande incêndio em 1708, mas
foi o terramoto de 1755 que o destruiu completamente.
Depois da extinção das
ordens religiosas em Portugal, demoliu-se o que restava do convento para se
fazer novas ruas, mas o antigo refeitório do convento, com os seus magníficos
azulejos, pintados por artista Luís Ferreira, manteve-se de pé até hoje,
transformado no salão grande da Cervejaria da Trindade. Os painéis do Ferreira
das Tabuletas dão fama ao restaurante, num caso em que se poderia dizer: do convento para a cervejaria.
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