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terça-feira, 27 de outubro de 2015

FICAR A VER NAVIOS


A expressão ficar a ver navios significar ficar à espera do que não veio, que acabou por não acontecer, ou não se teve. Há mais que uma explicação, mas vejamos as duas mais reproduzidas.
Ficar a ver navios terá sido o que aconteceu aos que esperavam nos lugares mais altos da cidade de Lisboa, na esperança de ver regressar a casa o rei Dom Sebastião, pois só viram navios e nada de el-rei…
Ainda que possa ser esta uma boa explicação, aquela que está relacionada com as invasões francesas parece ser mais plausível e mais consensual. Conta-se que por altura das ditas invasões francesas, que levou à fuga da família real para o Brasil, em Novembro de 1807, as tropas napoleónicas caminharam decididamente para Lisboa a fim de tomar o poder. Nos dias que antecederam a partida da família real, a azáfama no cais de Belém assim como o espalhafato foram tremendos e inusitados.
Passageiros, bens e mantimentos foram carregados para os barcos e seguiu-se uma correria contra o tempo porque os franceses estavam a chegar e a família real tinha de partir. Dela faziam parte Dona Maria I, a rainha louca, que recusava aos gritos a abandonar os súbitos, cheia de vergonha de fugir.

Após várias versões, uma investigação mais recente de José Dantas, veio esclarecer que entre família real e nobreza terão sido quase quinhentas as pessoas que partiram para o Brasil, em dezasseis embarcações, sem contar com a armada inglesa que fez escolta. O povo que ficou em terra ainda viu os barcos durante dois dias na barra do rio Tejo, à espera que os ventos os empurrassem para o mar.

A 29 de novembro, as tropas francesas entraram em Lisboa, ainda a tempo de verem a corte portuguesa já a caminho do Rio de Janeiro, a nova capital do reino. Os homens comandados pelo general Junot ficaram assim, literalmente, a ver navios!

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