A expressão ficar a ver navios significar ficar à espera do que não veio, que acabou por
não acontecer, ou não se teve. Há mais que uma explicação, mas vejamos as
duas mais reproduzidas.
Ficar a ver navios terá sido o que
aconteceu aos que esperavam nos lugares mais altos da cidade de Lisboa, na
esperança de ver regressar a casa o rei Dom Sebastião, pois só viram navios e
nada de el-rei…
Ainda que possa ser esta uma boa explicação,
aquela que está relacionada com as invasões francesas parece ser mais plausível
e mais consensual. Conta-se que por altura das ditas invasões francesas, que
levou à fuga da família real para o Brasil, em Novembro de 1807, as tropas
napoleónicas caminharam decididamente para Lisboa a fim de tomar o poder. Nos
dias que antecederam a partida da família real, a azáfama no cais de Belém
assim como o espalhafato foram tremendos e inusitados.
Passageiros, bens e mantimentos foram carregados para os barcos e seguiu-se uma correria contra o tempo porque os
franceses estavam a chegar e a família real tinha de partir. Dela faziam parte
Dona Maria I, a rainha louca, que recusava aos gritos a abandonar os súbitos,
cheia de vergonha de fugir.
Após várias versões, uma investigação mais
recente de José Dantas, veio esclarecer que entre família real e nobreza terão
sido quase quinhentas as pessoas que partiram para o Brasil, em dezasseis
embarcações, sem contar com a armada inglesa que fez escolta. O povo que ficou
em terra ainda viu os barcos durante dois dias na barra do rio Tejo, à espera
que os ventos os empurrassem para o mar.
A 29 de novembro, as tropas francesas
entraram em Lisboa, ainda a tempo de verem a corte portuguesa já a caminho do
Rio de Janeiro, a nova capital do reino. Os homens comandados pelo general
Junot ficaram assim, literalmente, a ver
navios!
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