Jacopo De Sellaio, um artista que trabalhara segundo o estilo de Botticelli, pintou dois painéis representando a história de amor de Psique e de Cupido. O painel aqui reproduzido, datado de 1473, conta a primeira parte da lenda.
Na villa à esquerda, vemos a conceção e o nascimento da filha de
Apolo, Psique, que aparece vestido de branco no resto do painel. A sua beleza
provocou o ciúme de Vénus, que mandou o seu filho Cupido fazer com que Psique
se enamorasse de alguém feio.
Quando Psique aparece
diante de um grupo de pretendentes, Cupido voa por cima, mas rapidamente se
enamora dela e é incapaz de cumprir a sua missão. Então, um oráculo diz a
Psique para subir a uma alta montanha e, no cima, ela é levada pelo vento e
adormece. À direita, ela é levada para um sumptuoso palácio que Cupido põe à
sua disposição, e onde é visitada pelas suas invejosas irmãs. Embora Cupido
tenha proibido Psique de olhar para ele, as suas irmãs persuadem-na a espreitá-lo
e ela apaixona-se.
Infelizmente, uma gota
de óleo quente é derramada da sua lâmpada e quando Cupido acorda, fica zangado
e desaparece. Psique segura-o pelo tornozelo, na tentativa de impedi-lo de
partir.
Os outros painéis do
artista completam as histórias das provas de Psique e do seu eventual
casamento. Em conjunto, os dois quadros teriam formado a decoração ideal de um
cassone, um baú de enxoval.
Como é bom de perceber
o elemento chave deste quadro é Psique. Na segunda parte da história de Psique,
a atormentada jovem vagueou pela terra à procura de Cupido, até que chegou à
morada de Vénus. Aí tornou-se escrava da deusa do amor e a sua ama deu-lhe um
conjunto de tarefas impossíveis de cumprir. No entanto, Psique teve sorte:
algumas formigas ajudaram-na a separar um monte de cereais misturados; um junco
das águas contou-lhe como obter lã de
ouro de ovelhas perigosas; a água de Júpiter veio em seu auxílio quando ela foi
buscar água de um ribeiro guardado por dragões; e uma torre conduziu-a com
segurança até ao mundo subterrâneo para obter alguma da beleza de Prosérpina.
Por fim, Cupido implorou a Júpiter que tivesse piedade de Psique.
Foi então que os deuses
se reuniram em conselho e decidiram dar-lhe uma taça de néctar para a tornar
imortal. Providenciou-se uma festa para o casal em núpcias e mais tarde, Psique
deu à luz uma filha de Cupido chamada Prazer.
A história deste belo par era uma lenda
romântica muito popular. Os seus numerosos episódios e a cena final do
casamento eram, por vezes, usados pelos pintores para cobrir grandes áreas ou
para preencher inúmeras abóbadas de um teto.
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