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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O RAPTO DAS SABINAS, de Poussin


Este quadro, de temática histórica, foi uma encomenda feita em 1637, pelo Cardeal Luigi Ormodei. O quadro retrato episódio narrado pelos autores romanos Tito Lívio, Plutarco, Virgílio e Ovídio.
Na Roma primitiva, a ausência de mulheres levou os romanos a urdirem um estratagema para arranjarem esposas que assegurassem a continuidade da cidade.
Rómulo, o fundador de Roma, convida os seus vizinhos, os sabinos, para uma festa na cidade. A um sinal seu, os romanos apoderam-se de uma sabina, neutralizando qualquer resistência por parte dos homens. É este preciso momento que o artista capta na tela, com o rei a fazer sinal aos senadores, em frente do templo de Júpiter Máximo.
A cena é de uma grande agitação, mas no entanto, os gestos das personagens são independentes uns dos outros, como se tivessem sido retirados do contexto e estivessem a cumprir um ritual previamente estudado. Tudo isto é reforçado por uma perspetiva um pouco exagerada, com três pontos de convergência, em direção aos quais dirigimos o nosso olhar.

Poussin não procura obter um efeito ilusório, mas antes submeter uma cena de paixões violentas a uma ordem regida pelo intelecto. Este conjunto tão variado de gestos teve em Degas um efeito tão profundo, que o pintor francês fez uma cópia deste quadro.
Poussin consegue recriar uma atmosfera de tensão, graças aos movimentos alternados das personagens, sobretudo das mulheres que tentam escapar, sem êxito às garras dos romanos. Toda a composição aparece submergida numa luz alaranjada, própria do entardecer.
No canto superior esquerdo, Poussin destaca a figura de Rómulo, conferindo-lhe uma postura um tanto ou quanto amaneirada enquanto o resto dos soldados possuem características bem mais masculinas. A mancha vermelha da capa do rei, bem como o movimento que dela se desprende denota um grande conhecimento da pintura veneziana por parte de Poussin.


Por último, chamo a atenção para o elmo pintado no fundo óleo, ao meio da tela. Nota-se que o pintor possui já um domínio absoluto do claro-escuro, das texturas e da luz. É por esse motivo que o elmo possui uma textura metálica, devido à incidência da luz que recai sobre ele. 

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