O que aconteceu nos
Estados Unidos a 11 de setembro de 2001 deve ser dos acontecimentos mais
conhecidos deste século e que mais marcaram as relações entre as diversas nações
mundiais. O ataque da Al-Qaeda ao coração do poder político e económico da
América do Norte teve efeitos que ainda hoje perduram e perdurarão.
Nesse dia, membros do
grupo militante islâmico da Al-Qaeda desferiram ataques aéreos ao World Trade
Center, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington, causando mais de três
mil mortos, incluindo 343 bombeiros e 60 polícias da cidade de Nova Iorque e
das autoridades portuárias. O presidente norte-americano, George Bush, falou ao
seu povo nesse mesmo dia ao final da tarde. Na semana seguinte, declarou guerra
ao regime talibã afegão e aos seus aliados da Al-Qaeda. Dez anos mais tarde os
EUA continuavam a lutar contra uma revolta talibã no Afeganistão, no entanto, a
2 de maio de 2011, Forças Especiais americanas localizaram e mataram o fundador
da Al-Qaeda, Osama bin Laden, num complexo em Abbottabad, no norte do
Paquistão.
A principal
consequência dos nefastos acontecimentos do dia 11 de setembro de 2001 foi a
instalação da era do medo e do terror. Nem mesmo os mais poderosos estavam a
salvo. Americanos e aliados reagiram como era expectável, cometendo erros
básicos que levaram a mais medo e a mais terror.
Ferido no seu orgulho
de única superpotência mundial, George Bush assumiu uma política cujo eixo
fundamental era a punição e a vingança. Os americanos apanharam e mataram Bin
Laden, esfrangalharam a Al Qaeda, reduziram o espaço de manobra dos talibãs,
mas não derrotaram o terror nem o medo.
A maneira desorganizada
e errática como intervieram militarmente no Afeganistão e no Iraque, desorganizou aqueles dois países e colocou-os nas mãos de novos grupos
terroristas que foram conquistando território e poder a governos ditatoriais e
criminosos como o da Síria e da Líbia. Certos que a europa e os EUA não voltariam
a sujar as mãos pelos Gaddafi´s e pelos Bashar al-Assad´s desta vida, os loucos
do Estado Islâmico foram galgando território, matando e aterrorizando
populações inteiras. Um milhão dessas pessoas atravessou a nado o mediterrâneo
e pede-nos humanidade e solidariedade.
E nós temos medo, muito
medo de lhes estendermos a mão, porque o caminho que fizemos durante estes 14
anos foi o da retribuição do terror. Hoje não há confiança nem haverá em breve.
Mesmo o liberal Barak Obama sabe que o seu povo ainda não está preparado para
acolher líbios nem sírios e só promete solidariedade e humanidade para 2016, provavelmente
quando o problema dos migrantes estiver mais que resolvido.
O que os europeus não
precisam é que os governos inglês e francês despejem umas bombas sobre as áreas
de influência do Estado Islâmico, pensando que limparam a área e esta gente que
nos chega suplicando guarida regressará no primeiro avião. Não será assim.
O
caminho é mais difícil e longo. Talvez americanos e europeus consigam secar o
Estado Islâmico, fechando os canais do seu armamento, pressionando os poderosos
governos da região, como o da Arábia Saudita, a perseguir este terror de gente.
E sobretudo, fazer um trabalho de implementação de estado democráticos na
Síria, Líbia, Iraque… Isto demorará anos, implicará um grande investimento em
meios e homens e uma capacidade diplomática nunca vista, mas não é impossível. Nessa
altura, o 11 de setembro será uma marca e não uma cicatriz feia e profunda.
Gabriel Araújo Vilas
Boas
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