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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O 11 de setembro: as profundas cicatrizes do terror



O que aconteceu nos Estados Unidos a 11 de setembro de 2001 deve ser dos acontecimentos mais conhecidos deste século e que mais marcaram as relações entre as diversas nações mundiais. O ataque da Al-Qaeda ao coração do poder político e económico da América do Norte teve efeitos que ainda hoje perduram e perdurarão.
Nesse dia, membros do grupo militante islâmico da Al-Qaeda desferiram ataques aéreos ao World Trade Center, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington, causando mais de três mil mortos, incluindo 343 bombeiros e 60 polícias da cidade de Nova Iorque e das autoridades portuárias. O presidente norte-americano, George Bush, falou ao seu povo nesse mesmo dia ao final da tarde. Na semana seguinte, declarou guerra ao regime talibã afegão e aos seus aliados da Al-Qaeda. Dez anos mais tarde os EUA continuavam a lutar contra uma revolta talibã no Afeganistão, no entanto, a 2 de maio de 2011, Forças Especiais americanas localizaram e mataram o fundador da Al-Qaeda, Osama bin Laden, num complexo em Abbottabad, no norte do Paquistão.

A principal consequência dos nefastos acontecimentos do dia 11 de setembro de 2001 foi a instalação da era do medo e do terror. Nem mesmo os mais poderosos estavam a salvo. Americanos e aliados reagiram como era expectável, cometendo erros básicos que levaram a mais medo e a mais terror.
Ferido no seu orgulho de única superpotência mundial, George Bush assumiu uma política cujo eixo fundamental era a punição e a vingança. Os americanos apanharam e mataram Bin Laden, esfrangalharam a Al Qaeda, reduziram o espaço de manobra dos talibãs, mas não derrotaram o terror nem o medo.
A maneira desorganizada e errática como intervieram militarmente no Afeganistão e no Iraque, desorganizou aqueles dois países e colocou-os nas mãos de novos grupos terroristas que foram conquistando território e poder a governos ditatoriais e criminosos como o da Síria e da Líbia. Certos que a europa e os EUA não voltariam a sujar as mãos pelos Gaddafi´s e pelos Bashar al-Assad´s desta vida, os loucos do Estado Islâmico foram galgando território, matando e aterrorizando populações inteiras. Um milhão dessas pessoas atravessou a nado o mediterrâneo e pede-nos humanidade e solidariedade.

E nós temos medo, muito medo de lhes estendermos a mão, porque o caminho que fizemos durante estes 14 anos foi o da retribuição do terror. Hoje não há confiança nem haverá em breve. Mesmo o liberal Barak Obama sabe que o seu povo ainda não está preparado para acolher líbios nem sírios e só promete solidariedade e humanidade para 2016, provavelmente quando o problema dos migrantes estiver mais que resolvido.
O que os europeus não precisam é que os governos inglês e francês despejem umas bombas sobre as áreas de influência do Estado Islâmico, pensando que limparam a área e esta gente que nos chega suplicando guarida regressará no primeiro avião. Não será assim. 
O caminho é mais difícil e longo. Talvez americanos e europeus consigam secar o Estado Islâmico, fechando os canais do seu armamento, pressionando os poderosos governos da região, como o da Arábia Saudita, a perseguir este terror de gente. E sobretudo, fazer um trabalho de implementação de estado democráticos na Síria, Líbia, Iraque… Isto demorará anos, implicará um grande investimento em meios e homens e uma capacidade diplomática nunca vista, mas não é impossível. Nessa altura, o 11 de setembro será uma marca e não uma cicatriz feia e profunda.
Gabriel Araújo Vilas Boas


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