Hoje resolvi explorar “Amigo
de Peniche”. Como muitos saberão o “amigo de Peniche” é um amigo falso,
traiçoeiro, em que não se pode confiar.
Obviamente, os naturais
de Peniche não têm lá muita simpatia por esta expressão, que tem tanto de
histórica como de injusta.
Em 1579, o rei D. Sebastião
desapareceu na batalha de Alcácer Quibir, em Marrocos, e deixou o reino sem
sucessor. O parente mais próximo era o cardeal D. Henrique (tio do
desaparecido) que foi aclamado rei dias depois. Todavia, o cardeal já tinha uma
idade muito avançada e vínculo religioso, ou seja, não tinha filhos nem
maneira de os arranjar, o que criava um grave problema à sucessão, como se
veria um ano depois. Em 1580, o cardeal morreu e vários candidatos perfilaram-se à
sucessão, mas a disputa resumiu-se a três candidatos: Filipe II (rei de Espanha
e neto de D. Manuel I de Portugal), Dona Catarina de Bragança (neta de D. Manuel I) e D. António Prior do Crato (também neto de D. Manuel I).
D. Filipe II ganhou vantagem e arrebatou a coroa, depois da invasão do exército
castelhano ter aberto o caminho para o trono.
D. António ficou
furioso e pediu ajuda a Isabel, a suposta rainha virgem de Inglaterra. Isabel
emprestou uma armada de cerca de vinte mil homens e cento e sessenta navios. Aos comandos desses navios, o general John Norris desembarcou na praia sul de Peniche
a 26 de maio de 1589. Começou então a marcha terrestre rumo a Lisboa, ao mesmo
tempo que a esquadrada que desembarcara em Peniche navegava rumo a Cascais.
As notícias chegaram
depressa a Lisboa: «Vêm aí os nossos amigos… os amigos que desembarcaram em
Peniche». Ou seja, os amigos que libertariam os portugueses do jugo dos
espanhóis.
O problema foi que D.
António Prior do Crato acabou traído pelo avanço do exército britânico em
direção a Lisboa e que durante essa viagem acabou por devastar e pilhar as
terras por onde passava. Foram recebidos pelos canhões do Castelo de São Jorge….
John Norris ficou muito surpreendido porque ninguém lhe tinha falado em
combates, mas antes em grandes festejos pela chegada dos ingleses. Após várias
mudanças de acampamento, o grupo de soldados britânicos retirou-se de Lisboa.
Dentro das muralhas, a incógnita cresceu e todos perguntavam: “Mas, afinal,
quando chegam os nossos amigos de Peniche?» Acabariam por nunca chegar, desapontando
D. António e os seus apoiantes.
Afinal, os amigos de
Peniche não nasceram em Peniche, mas em Inglaterra, mas ninguém resolve esta “falsidade”
aos de Peniche!
Artigo muito interessante, no entanto tem uma pequena incorreção... D. Catarina de Bragança, pretendente ao trono, era neta de D. Manuel I e casada com D. João, Duque de Bragança. D. Catarina de Bragança, infanta de Portugal que casou com o rei Inglês Charles II, era sua bisneta, já que D. João IV, o fundador da Casa de Bragança, era seu neto.
ResponderEliminarPois tem absoluta razão. Obrigado pelo reparo. vou retificar o erro.
EliminarA neta Dona Caterina , casou com Dom João 6 Duque de Bragança , e não Dom João Quarto Rei de Portugal , 8 Duque de Bragança , Felipe 2 de Espanha tinha direito ao trono Portuguez , por ser filho Dona Isabel de Portugal e Dom Carlos 5 Imperadores os dois ,
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