“Eis a melhor receita para um
romance policial: um detetive nunca deve saber mais que o leitor.” – Agatha Christie
Se fosse viva, a
britânica Agatha Christie completaria hoje 125 anos de vida. Não seria
impossível nem tão prodigioso como a fama que alcançou durante todo o século XX,
em que se tornou a rainha do romance policial.
Agatha Christie
protagonizou uma vida de aparente recato, mas tão cheias de peripécias,
aventuras e algum mistério como algumas das suas histórias. O que mais
impressiona na longa vida literária da autora inglesa é a imensa legião de fãs
que granjeou em mais de uma centena de países, onde vendeu mais de 4 mil milhões de
livros. Agatha Christie é a romancista mais lida em todo o mundo!
Donde vem tanta fama?
Agatha Christie escreve romances policiais de uma maneira sublime. O romance
policial excita a mente, cria no leitor o prazer da descoberta e da leitura,
desafia constantemente. E a autora inglesa soube explorar muito bem os
vários subgéneros que o romance policial permite.
Além de uma
trabalhadora incansável (chegou a escrever um livro em três dias), a criadora
de Miss Marple tirou enorme partido de todas as suas experiências, nomeadamente
das viagens que fez com o seu segundo marido, Max Mallowan, nas suas diversas
viagens arqueológicas.
Agatha Christie recebe
influências de diversos autores, como John Milton, Alexandre Dumas, Jane
Austen, Lewis Carroll, mas o seu favorito era, sem dúvida, Charles Dickens. Outra
figura incontornável da sua biblioteca foi Conan Doyle, o criador da mítica
figura do detetive Sherlock Holmes. No entanto, Agatha Christie superou em fama
e popularidade qualquer um deles ao criar o famoso detetive belga Hercule
Poirot. Meticuloso, ordenado, amante de objetos aos pares, extremamente inteligente,
o belga era conhecido e amado por leitores e espetadores pelo uso das suas “celulazinhas
cinzentas”.
Ao lado de Poirot,
Agatha Christie fez crescer outra heroína dos romances policiais, a solteirona
Miss Marple. Jane era uma detetive amadora, nada viajada, mas muito astuta, que
resolvia todos os seus crimes e mistérios usando apenas o conhecimento da
natureza humana.
Além de Poirot e Jane
Marple, a autora de “Um Crime no Expresso no Oriente” produziu outros heróis da
investigação como o casal Tomy e Tuppence; Parker Pyne e Ariadne Oliver. O
crime e o mistério eram o coração da sua trama, que normalmente se passava em aldeias
ou pequenas vilas inglesas e contava quase sempre com a presença de um médico.
Além de romancista,
Agatha Christie foi também contista, poeta e dramaturga. Ainda que as suas
peças teatrais tenham alcançado algum êxito, são as histórias policiais que lhe
granjearam a fama que levou a rainha de Inglaterra a atribuir-lhe o título de “Dama”
em 1971. Entre os seus maiores êxitos destaco “O Caso dos Dez Negrinhos”, “O
Assassino de Roger Ackroyd” e o já citado “Um Crime no Expresso do Oriente”,
que vendeu mais de três milhões de cópias e foi transposto para o cinema em
1974 pelo realizador Sidney Lumet. O êxito foi semelhante ao do livro, o que
permitiu a Ingrid Bergman arrecadar o Óscar de Melhor Atriz Secundária.
Ler Agatha Christie
nunca é uma obrigação, mas um prazer que rapidamente se transforma num vício
bom.
Gabriel
Vilas Boas
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