O Brasil completa hoje 497 anos de liberdade. O famoso grito do Ipiranga tornou um dos mais maravilhosos povos do planeta dono do seu destino. Hoje o Brasil procura novo e definitivo grito libertário, que lhe devolva o sonho. Hoje o Brasil luta contra a corrupção, contra o abuso do poder, contra o engano. É uma luta dolorosa porque é feita contra alguns dos filhos mais queridos da nação brasileira.
Neste dia tão especial para todo o brasileiro, escolhi uma música do falecido e polémico roqueiro Cazuza, “Brasil”.
A música composta em parceria com Nildo Romero e George Israel, em 1988, é um irónico protesto contra a hipocrisia da política e da elite brasileira. O tema tornou-se num dos grandes sucessos do cantor e foi reinterpretado por Gal Costa para a telenovela “Vale Tudo”.
O desafio lançado pelo cantor – “Brasil mostra a tua cara” – parece finalmente aceite pelos seus conterrâneos que parecem totalmente disponíveis para se confrontarem, para conhecer as feias entranhas do poder.
A coragem com que confrontam os seus dirigentes, até aqueles que serviram de ídolos, é uma grande prova de maturidade e humildade.
Cazuza perguntava há mais de vinte e cinco anos “Brasil qual é o teu negócio?”, e hoje a resposta parece evidente: liberdade, democracia, mas acima de tudo verdade.
Acho soberba e cheia de significado a última estrofe da canção:
“Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Eu vou te trair)”
Relevo duas ideias: o amor do brasileiro à sua pátria. Inquestionável, forte, eterno. A antítese entre “grande” e “desimportante”, sugerindo que não é o tamanho que torna um povo relevante, mas a clareza e limpidez do seu caminho politico, económico e social.
Hoje resolvi lembrar Cazuza porque este polémico e ácido cantor brasileiro amava tanto o seu povo que era incapaz de lhe esconder as feridas do corpo.
A grandeza de um país também se mede pela amplitude da alma e dos valores dos seus filhos.
Gabriel Vilas Boas
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