Um dos maiores sucessos dos Beatles apaga cinquenta velas de vida, conquistando milhões de corações, várias gerações, diferentes épocas e estilo.
É fácil outorgar os créditos de tamanho amor à letra de Paul, mas a chave do sucesso está na perfeita de combinação de melodia e letra, na medida em que ambas guiam as nossas almas àquele passado saboroso, onde tudo estava bem. Um passado de paz, amor, de presenças, onde a vida era naturalmente fácil.
É o famoso mito da Idade do Ouro, onde no passado mora tudo o que é bom. A mãe é a melhor imagem que podemos ter desse tempo de amor e paz, porque ela nos permite viajar no tempo, tornando o ontem sempre presente e uma garantia para o futuro.
Todavia, McCartney não escreve sobre “Yesterday” apenas para elogiar o passado, mas para o antepor a um presente de separação e ausência. É impossível não sentir a melancolia que se solta lentamente dos acordes da viola que a letra verbaliza:
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
(…)
Now I need a place to hide away
Oh, I believe
In yesterday”
Acho que o magnífico tema dos Beatles é muito mais que um exercício belo sobre a melancolia, a nostalgia ou a tristeza. “Yesterday” é a recordação da importância das nossas raízes. É um apelo sensível e cheio de ternura às coisas belas de que somos feitos: a paz, o amor, a concórdia.
Gosto muito de pensar que todos os dias construímos um passado melhor do que aquele que tínhamos. Talvez um dia a nossa memória precise desse tesouro.
Gabriel Vilas Boas
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