Rafael, um dos maiores
génios da pintura renascentista italiana, teve uma breve, mas grandiosa carreira. As
suas obras destacavam-se pela perfeição e suavidade. Pintou vários temas. Hoje
destaco a obra “Triunfo da Galateia”, de 1511, onde aborda o fascinante mundo das
lendas e mitos clássicos.
Nesta pintura, Galateia
é a representada quando vai a fugir do monstro Polifemo (que se vê num fresco à
esquerda da peça) numa concha gigante equipada com pás de rodas e puxada por
golfinhos.
Por cima dela voam quatro Putti
(rapazinhos alados, também conhecidos por amorettos ou “pequenos Cupidos”. Os
putti podem aparecer como anjos ou querubins em pinturas religiosas, ou
acrescentar uma nota humorística a pinturas seculares. Muitas vezes acompanham
Vénus) e à sua volta tritões e nereides (ninfas marinhas) brincam nas ondas.
Esta obra foi pintada
numa loggia aberta da villa, pertencente ao abastado banqueiro
papal Agostino Chigi, sobranceira ao rio Tibre em Roma.
A cena do quadro
pretende refletir a vista que da loggia se
abria sobre o rio. A villa era igualmente celebrada pelas suas festas e Rafael
encontrava-se geralmente entre os convidados. O pintor tinha uma grande paixão
por mulheres e aparentemente morreu em consequência da excessiva entrega a
paixões.
A figura de Galateia representa
o triunfo do amor platónico sobre o amor carnal, aqui representado por tritões
e sereias. Estas são vítimas dos disparos dos pequenos cupidos, que os enchem
de grande prazer sensual.
Galateia adota um pose serpenteante, que
destaca o longo e belo cabelo loiro ao vento sob um manto vermelho de Pompeia.
Este manto vermelho que cobre Galateia é um ponto focal da composição e
contrasta com os tons azuis do mar.
Esta composição de
Rafael reflete um trabalho anatómico admirável do pintor italiano na pintura
das diversas personagens, criando movimento e ação. Cada personagem aparece nas
mais variadas posições sem que o todo perca graça ou elegância. Os corpos são
apertados e há rotação sem que a naturalidade seja sacrificada.
Gabriel Vilas Boas
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