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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

DESFRUTAR É UM PRAZER DE SÁBIOS


“Desfrutar é um prazer de sábios.” – Talvez a frase que mais me faz brilhar os olhos e a alma.
Muitas vezes a recordo ao longo deste maravilhoso percurso que é a vida. Desfrutar da natureza, dos amigos e da família; desfrutar da saúde, do tempo, do pensamento; desfrutar da música, da pintura e do teatro.
A vida é uma fonte inesgotável de prazer e sabedoria. Impressionante como à medida que temos mais consciência da sua beleza vamos desfrutando menos. Talvez porque tudo o que é bom e belo não sirva para estar aprisionado numa gaiola dourada. Sim, é a velha questão entre o Ser e o Ter. O sábio como a vida “é”, não “tem”.

É muito difícil ser sábio, porque a sabedoria é humildade, desprendimento, liberdade, partilha. Não são conquistas fáceis de alcançar. Infelizmente, chegamos a algumas delas de um modo doloroso e amargo.
É muito difícil aceitar que as circunstâncias nos vencem muitas vezes e com enorme facilidade. Mais chocante é constatar como desistimos de lhes dar luta. Acossados como um animal ferido, desistimos. Achamos que essa sabedoria é coisa de filósofos ou está apenas ao alcance de quem domina a atividade intelectual.

Não é verdade! Desfrutar a vida é um projeto pessoal em permanente construção; um livro aberto que cada um constrói à sua medida. Claro que tem que ser um projeto caríssimo, pois não custa dinheiro.
Os momentos mais radiantes da minha vida (e foram alguns) nunca foram meus, mas isso nunca impediu de me fazerem feliz. Foram um poema inteligentíssimo ou sensível, uma música arrebatadora, um quadro assombroso de expressividade, o sorriso das minhas filhas ou as gargalhadas de um amigo. E muitas vezes o sol, a chuva e o barulho do vento. 
Aprendi que nada disso era para possuir, mas para deixar fluir. A memória, com as suas falhas, foi-me convencendo, aos poucos, que a verdadeira sabedoria da vida é transformar os sonhos em realidade. Ninguém pode privar-nos de tudo aquilo que já vivemos como ninguém nos pode dar aquilo que deixámos por viver.

Gabriel Vilas Boas 

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