Em 1946, o mundo
acordava do grande trauma coletivo que havia sido a II Guerra Mundial. Não só
na europa mas um pouco por todo o mundo havia muita “tralha” por arrumar e
muita gente que tinha dificuldade em recomeçar as suas vidas.
“Os Melhores Anos da
Nossa Vida”, que arrebatou sete óscares da Academia de Hollywood, em 1946,
entre eles o de Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Argumento Adaptado, é a minha
proposta cinematográfica desta semana. É certo que o filme tem setenta anos,
mas a qualidade é excelente.
Num sincero discurso de
esperança no futuro, o produtor deste laureado filme, Samuel Goldwyn disse:
“Todos os homens, mulheres e crianças, geração após geração, deveriam ver este
filme”. Ele não pensava no sucesso de bilheteira que o filme também alcançou,
mas na mensagem que o argumento da película passava a qualquer espectador.
Em Agosto de 1944,
Goldwyn lia na revista “Time” um interessante artigo sobre as dificuldades que
os veteranos da II Guerra Mundial experimentavam para se readaptar à vida
civil, quando regressavam a casa. Então, contratou um ex-veterano de guerra,
Mackinlay Kantor, para desenvolver o tema. Ele começou por escrever uma novela
que foi depois convertida pelo argumentista Robert Sherwood em argumento
cinematográfico.
O filme conta a história
de Fred Derry, Homer Perrish e Al Stephenson, respetivamente capitão da Força-Área, marinheiro e sargento do exército, depois de a guerra acabar. Os três
regressam a Boone City, com as marcas físicas e, sobretudo, psicológicas de uma
guerra que marcou a humanidade.
Homer, ex-jogador de
futebol americano, regressa com duas próteses mecânicas em vez de duas mãos e
está relulante em assumir o casamento previamente combinado com a noiva, pois
teme que ela o faça por piedade e não por amor. Homer vê-se forçado a regressar
à sua vida desinteressante de balconista de uma loja e Fred volta ao banco onde
antes trabalhara assumindo o departamento dos empréstimos aos veteranos de
guerra como ele.
O filme do realizador
William Wyler mostra as dificuldades destas pessoas em retomar vidas, o mundo
diferente que encontram, a readaptação dos mutilados (Harold Russell, o único
não ator do elenco, que efetivamente prestou serviço na Guerra, tendo perdido
as duas mãos, esteve soberbo e arrebatou um Óscar pela sua interpretação), mas
também a esperança em dias melhores e na paz por que haviam lutado.
Havia muita apreensão
enquanto o filme era feito. Muita gente achava o filme demasiado sério, mas
Wyler criou uma fita enternecedora que retrata detalhadamente o ajuste de três
soldados e as suas famílias a um país indiferente, em tempo de paz, aos
despojos da guerra.
O melhor será mesmo
dedicar duas horas deste ou doutro fim-de-semana a ver (ou a rever) este filme.
Filme simplesmente magnífico. Setenta anos nada significam para ele. Uma boa história a respeito de homens comuns em suas questões cotidianas. É um filme para sempre. Direção segura, interpretações excelentes, roteiro preciso. Não há um momento morto em "Os melhores anos de nossas vidas".
ResponderEliminarÓtimas lembrança e postagem.
Abraços.