Sempre achei
que ser pai ou mãe era das coisas mais extraordinárias que um ser humano podia
experimentar, pois gerar um ser humano assemelha-nos a pequenos deuses. Com
o tempo, percebi que ser mãe é estar um grau acima deste estádio de felicidade
plena. Para algumas mulheres, trata-se duma sensação e dum sentimento tão únicos
e maravilhosos que as palavras são seres demasiado pobres para os descrever.
Quem percebe a
magia de ser mãe entende, sem dificuldade, que algumas mulheres decidam ser mães,
ainda que os pais dos seus filhos se recusem a cumprir o seu
papel.
Admiro muito as
mães solteiras! Na maioria dos casos, esse facto é mais fruto das
circunstâncias do que duma opção inicial e deliberada das mulheres. Aprecio a
força interior que essas mulheres revelam ao lutar contra a tristeza, a
desilusão, a angústia que o momento do abandono dos companheiros traz.
Enfrentar uma
gravidez nunca é fácil, enfrentá-la sozinha é sempre difícil. A gravidez é um
momento psicológico e físico delicado quer para a mãe quer para o bebé, por
isso é de louvar aquelas mulheres que decidem trilhar esse caminho apenas com o
conforto dum ser que se mexe dentro delas.
A decisão de
ser mãe solteira traz óbvias implicações em todas as pessoas que rodeiam a
mulher. Todos parecem ter opinião sobre uma decisão que apenas cabe àquela
mulher tomar e, quando tomada, muitos continuam a querer discuti-la, emitindo juízos
de valor moral indecentes sobre algo que não lhes diz respeito. Isto acontece
no trabalho, entre as amigas, no seio da família. Por mais que queira, uma
mulher não é imune a toda esta avalanche opinativa, que não raras vezes se
torna em julgador feroz e ameaçador. Contra isso, a mulher tem apenas a fé
inabalável da sua decisão e o abraço dum coração que bate junto ao seu.
Depois de
enfrentar o monstro do preconceito, a mãe solteira enfrentará os Trabalhos de
Hércules dos primeiros meses de vida do seu rebento.
Todos os casais
costumam salientar as noites mal dormidas, os cansativos trabalhos com fraldas
e biberões, a falta de tempo para estarem um com o outro… A mãe solteira tem o
trabalho dos dois e sobrevive. Não tem é o tempo nem o dinheiro que um casal
dispõe para enfrentar os encargos com o nascimento duma criança.
A questão
económica assume, por vezes, contornos dramáticos, pois na esmagadora maioria dos casos, o pai não contribui com nenhum dinheiro para o sustento da criança. Além
disso, ter que tomar conta dum filho diminui drasticamente o tempo disponível para
trabalhar. O certo é que muitas mães solteiras fazem verdadeiros milagres todos
os meses para sustentar os seus filhos, garantindo-lhes também roupa,
brinquedos, livros, consultas no médico….
Podíamos dizer
que são pessoas excecionais, mães de ouro, um impressivo exemplo de amor, mas
isso melhoraria muito pouco a sua situação. Melhorar a sua situação é começar
por fazer uma coisa muito simples: RESPEITAR a sua decisão. O valor da
maternidade é um valor tão cheio de amor e generosidade que quem decide
abraçá-lo jamais pode merecer censura. Depois podemos e devemos APOIAR a mãe. Há
uma imensidão de pequenas e grandes coisas que podemos fazer para ajudar uma
mãe solteira. Nenhuma delas custa dinheiro e todas são duma grande utilidade.
Quando um dia
destes nos depararmos com uma mãe solteira era bom que nos lembrássemos que
aquela mulher tomou a mesma decisão que a nossa mãe tomou quando decidiu que
havíamos de nascer. Aí, talvez percebamos bem aquilo que o Papa Francisco disse
há uns meses: “Não existem mães solteiras, existem mães. Porque mãe não é um
estado civil.”
Gabriel Vilas Boas
Oi gabriel, adorei o posto, gostaria de coloca-lo na minha pagina com referencia ao seu blog. Poderia?
ResponderEliminarAbraços
Claro que sim. Esteja à vontade.
EliminarBjs