Hoje
assinalamos o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as
mulheres.
O tema da violência contra as
mulheres tem merecido um crescente e justificado destaque nacional e
internacional. Dados recentes demonstram que nos últimos dez anos quase
quatrocentas mulheres foram mortas pelos seus companheiros, em Portugal. Além
fronteiras, subsistem regimes e povos que tratam a Mulher com uma indignidade
atroz , aproximando o seu estatuto ao de um objeto.
O tema da violência doméstica é
hoje amplamente discutido nas escolas e na comunicação social, onde, para além
dos diversos programas de debate, muitas séries/telenovelas abordam diretamente
este flagelo civilizacional.
Denunciar e repudiar estes
comportamentos animalescos de alguns homens sobre as suas companheiras é uma
abordagem correta da situação, mas insuficiente. A sociedade portuguesa precisa
de ter uma atuação mais efetiva.
Penso
que a prevenção é fundamental. Há que rastrear comportamentos agressivos, logo
desde a fase do namoro, altura em que as jovens detêm um “poder” afetivo e de
persuasão sobre os namorados. A violência é sempre intolerável e jamais os
ciúmes ou o exacerbado sentimento de posse a pode justificar.
Acho
que seria muito positivo que as escolas pudessem contratar assistentes sociais e
psicólogos que acompanhassem as adolescentes e jovens vítimas de coação
psicológica e física, pois, frequentemente, essa pressão ilegítima e imoral
termina em violência, mais tarde.
É
amargurante perceber o clima de verdadeiro terror psicológico e físico que
muitas mulheres suportam durante meses/anos, junto de homens descontrolados,
perigosos e violentos, que mantêm aquelas que dizem amar num cativeiro medieval
sem nome.
Nos
últimos anos, Portugal progrediu legalmente nesta área, tornando público este
tipo de crime, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Homem
e Mulher são seres humanos diferentes e complementares. Durante séculos,
viveram com diferentes estatutos sociais, injustificadamente desnivelados.
Lenta e penosamente, a Mulher tem conseguido impor o respeito e a dignidade que
lhe são devidos.
A
construção duma mentalidade de partilha de poder será a chave para que deixem
de morrer 2/3 mulheres todos os meses, em Portugal, às mãos duns sujeitos sem
escrúpulos. Esta mudança progressiva de mentalidade (já em curso) faz-se com pequenos
passos e pequenas conquistas. Uma relação saudável e equilibrada não permite
que violência e afeto se misturem, não tolera “controlos”, não pressupõe a “anulação”
dum em prole do outro. Abdicar dum carreira, dos amigos, dos gostos pessoais é
criar o caldo psicológico para uma usurpação de personalidade que contraria o
código genético do Amor entre um Homem e uma Mulher.
Claro
que as circunstâncias, o meio social e económico, as histórias de vida ajudam a
explicar comportamentos, mas uma geração de pessoas afirma-se pelo rumo que determina
para a sua vida. Acabar com a violência sobre as mulheres é um dos nossos
desígnios geracionais.
Gabriel Vilas Boas
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