Quem é apreciador de arquitetura Barroca e de belos jardins não pode
deixar de conhecer o Palácio de Mateus. Este palácio situa-se em Vila Real e foi construído no século XVIII. O conhecido arquiteto Nicolau Nasoni (o mesmo
que projetou a Torre dos Clérigos no Porto) foi responsável pela fachada.
No passado, o palácio tinha funções residenciais, mas agora é uma
quinta com exploração agrícola e é também aproveitado para a realização de
vários eventos culturais.
O estilo arquitetónico dominante é o barroco. Aliás, é classificado com
um dos maiores exemplares da arquitetura barroca civil em Portugal, o que pode
comprovado pela sua axialidade e simetria, com os frontões interrompidos e as
escadarias duplas.
A
planta é composta em U, com volumes articulados e coberturas diferenciadas em
telhado de quatro águas. O edifício tem dois pisos e é intersetado ao meio por
um corpo, destinado ao hall nobre de entrada, donde parte um pátio interior, de
planta quadrada, e um outro pátio de entrada também em U.
A
fechar o pátio de entrada encontra-se um murete, suporte duma balaustrada onde
se apoiam seis pináculos de granito.
Se o visitante abordar o palácio pela sua fachada principal verá, sobre as aberturas do primeiro piso, frontões triangulares simples, como os que percorrem as extensas fachadas laterais.
Já no
interior do pátio de entrada, vemos que os vãos do mesmo piso possuem frontões
ondulados interrompidos. Sobre os telhados, assentes em cornijas de granito,
apoiam-se altos pináculos.
Também
no pátio interior se desenvolvem duas escadarias duplas em duas fachadas
opostas. Pelo arco localizado debaixo do patamar de acesso ao andar nobre da
escadaria encontra-se ligação entre estes dois pátios. De seguida, dá-se acesso
ao jardim.
Os
jardins são o glamour do Palácio de S. Mateus. Adoro especialmente o jardim de
Bucho, com desenhos de Paul Bensliman. Aqueles desenhos simétricos pedem quer
os percorramos com gosto ou que repousemos longamente olhar. Se gostarmos de
aventura e mistério, é melhor procurar o famoso túnel dos cedros, plantado há
mais de cinquenta anos por D. Francisco de Albuquerque. Do lado de fora três
tanques de água, desenhados por António Lino, criam uma atmosfera refrescante e
melodiosa.
A água
é um elemento fundamental dos Jardins da Casa de Mateus. Além dos tanques (mandados
construir por D. Leonor de Portugal no século XVIII), temos o Lago, construído
pela mesma altura do túnel de cedros, a refletir toda a imponência da casa de
Mateus. Há mais de trinta anos, dorme neste belo lago uma lindíssima escultura
de João Cutileiro.
Mas
voltemos ao edifício. Agora para entrar na
capela, ainda que não necessariamente para rezar. A capela possui planta retangular e está dividida
em três espaços. O intermédio possui um teto em cúpula, estando o coro apoiado
num arco abatido. O arco cruzeiro que antecede a capela-mor apoia-se em colunas
jónicas.
Já a
fachada principal da capela apresenta um portal simples ladeado por quatro
colunas, onde assenta um arco de volta perfeita que envolve uma pedra de armas.
Aliás, existe no Palácio de Mateus cinco
pedras de armas. A que se encontra na porta de entrada do Palácio sobre a
escadaria principal tem no primeiro quadrante os Aguiares. Na segunda,
localizada na fachada norte, vemos a cruz florida dos Pereiras.
Dentro
do Palácio está o Museu. Nele podemos encontrar a edição d’Os Lusíadas
executada em Paris, nas oficinas de Didot. Tal foi conseguido à custa do
diplomata D. José Maria de Sousa Botelho. Podem-se ver também cartas autografadas
por grandes vultos a quem o morgado de Mateus ofereceu o livro. Constata-se
ainda a existência de peças litúrgicas e relicários, um presépio de Machado de
Castro, um escultura de marfim com o Crucificado do século XVI em altar de talha.
O Palácio
de Mateus é uma das maiores obras arquitetónicas existentes em Trás-os-Montes e
é visitado anualmente por milhares de pessoas. Se ainda não o conhece é uma
falha no seu curriculum que tem de colmatar rapidamente!
Gabriel
Vilas Boas
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