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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

DA ARTE, DA PINTURA, DE MONIR SHAHROUDY FARMANFARMAIAN


Exposição patente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves

MONIR SHAHROUDY FARMANFARMAIAN: POSSIBILIDADE INFINITA. OBRAS EM ESPELHO E DESENHOS 1974-2014

 “O interesse de Monir pela geometria está, porém, firmemente ancorado na cultura islâmica, em particular no sufismo, para o qual a geometria é a expressão do fluxo vital, contínuo e dinâmico que perpassa toda a existência. Ela une a dimensão mais íntima do ser humano com a mais ampla dimensão do espaço cosmológico e físico, dando estrutura às infinitas possibilidades da existência, ou, por outras palavras, à liberdade.”
Texto do roteiro baseado em excertos do ensaio de Suzanne Cotter



Serralves, Janela com vista para o Outono

Visitar Serralves é uma das minhas distrações preferidas. Mesmo que num sábado cinzento e chuvoso, pleno de outras possibilidades infinitas. De preferência sozinha, para um diálogo mais fácil com os meus pensamentos, num passeio pelo parque coroado por um chá bem quentinho na cafetaria e uma visita à loja, logo seguido de uma incursão pelas exposições que são sempre sinónimo de grande qualidade, apreciemo-las ou não.
Desta vez, o encontro surpresa foi com a obra de Monir Shahroudy Farmanfarmaian.






Monir Shahroudy Farmanfarmaian
no seu estúdio a trabalhar em Heptagon Star,
Teerão,1975
 Nascida em 1924 na antiga cidade persa de Qazvin, no Irão, muda-se para Teerão em 1932, onde frequenta a Faculdade de Belas-Artes. Impedida de estudar em Paris, como era seu propósito, devido à Segunda Guerra Mundial, fixa-se em Nova Iorque, onde trava amizade com um círculo de artistas como Willem de Kooning, Robert Rauschenberg e Andy Warhol, para citar apenas os mais sonantes.
Em 1957, regressa ao Irão, onde contacta com obras de artesanato e arquitetura decorativa, no âmbito dos têxteis e dos metais. É nesta altura que visita o Santuário Shah Cheragh, em Shiraz, que a influencia profundamente no seu trabalho futuro com espelhos, recorrentes na sua obra.



Santuário Shah Cheragh, Shiraz


Interior do Santuário Shah Cheragh, Shiraz

 “Possibilidade Infinita” é a primeira exposição de Monir em Portugal, onde, num processo engraçado de quase assemblage, reúne desenhos e obras em espelho. O seu gosto pela abstração geométrica é central em toda a sua obra, onde combina em fórmulas arrojadas de repetição e progressão conceitos e “…tradições visuais, espaciais e simbólicas da arquitetura e da decoração islâmicas.”
Achei interessantíssimo o trabalho escultórico dos espelhos proposto pela artista, onde a pintura, o aço, o vidro, o gesso e o espelho são moldados em padrões de geometria pura, tão ao gosto islâmico.




Os desenhos ali expostos, realizados no seu exílio em Nova Iorque, prefiguram composições abstratas onde o espelho também é parte integrante, como se vê nos trabalhos abaixo representados.



Geometric, espelho, vidro pintado a óleo

no verso e caneta de feltro sobre cartolina



Hexagon, caneta de feltro sobre papel


Hoje, com 90 anos de idade, Monir surpreende pela vitalidade e poder de criação da sua obra invulgar e exuberante. Vidro, desenho, espelhos, geometria. Por tudo isto, penso que vale a pena uma visita a esta exposição; ela é, em si mesma, uma infinita possibilidade.
E faça-o já, antes que ela viaje até Nova Iorque, onde estará patente no Solomon R. Guggenheim Museum.


Rosa Maria Alves da Fonseca

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