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domingo, 30 de novembro de 2014

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME



O Banco Alimentar contra a Fome é das projetos mais luminosos, úteis e humanitários que existem em Portugal. Trata-se duma ideia que procura e consegue dar forma aos valores mais básicos do ser humano: solidariedade, partilha e dádiva.
E são poucos os projetos com esta dimensão e utilidade, onde podemos expressar, dum modo simples e eficaz, a nossa cidadania, humanidade e dignidade.
Interessam-me poucas polémicas acerca das infelizes palavras que Isabel Jonet proferiu no passado, porque isso não é o essencial. Relevante é pôr em prática uma ideia de ajuda ao próximo que nos enobrece e nos faz melhores pessoas.


Devemos contribuir na medida das nossas possibilidades, sem pensar em quem ajudamos nem fazer juízos de valor sobre as circunstâncias que ditaram estas condições de extrema necessidade em que vivem mais de quatrocentos mil portugueses.
Fico muito satisfeito ao ver que a dimensão da solidariedade do povo português acompanha as necessidades. Mais de quarenta mil voluntários estiveram envolvidos, neste fim-de-semana, numa ação de recolha de alimentos em cerca de duas mil lojas espalhadas pelo país. Estes números impressionantes dão-nos a real dimensão da carência económica em que vivem os nossos compatriotas.


É de fome que falamos! Pessoas que não têm qualquer rendimento para fazer uma/duas refeições diárias. Muitas delas juntam a isto outras necessidades: alojamento, vestuário, cuidados básicos de higiene…
O Banco Alimentar Contra a Fome faz coisas simples mas muito importantes. Recolhe as dádivas e distribui-as. Os voluntários fornecem o seu tempo e o seu sorriso, cada um dá o que entende, muitos milhares agradecem.
Nesta altura do ano é mais fácil contribuir, pois a aproximação do Natal enobrece os nossos sentimentos como se houvesse um calendário solidário. É um conceito que temos que contrariar. A solidariedade deve estender-se por todo o ano, pois ela está sempre a ser precisa. Não precisamos de nos preocupar com o putativo merecimento das pessoas que beneficiam desta ajuda. As diversas instituições de solidariedade social estão mais do que habilitadas para avaliar a situação. Haverá todo o ano muita comida que sobra, muito roupa que deixamos de gostar, muito material encostado nas arrecadações que preencheria as necessidades de muitos homens e mulheres que hoje se acolhem num vão de escada e não sabem o que é um banho quente há vários dias.



Sei que chegamos a este estado social porque o Estado que nos governa perdeu o sentido do essencial. Hoje, amanhã ou noutro dia qualquer compete-nos alimentar a luz trémula dum futuro coletivo bem mais risonho.

Gabriel Vilas Boas

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