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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

POUSADA DA FLOR DA ROSA - CRATO




Na bela paisagem do Alto Alentejo, no Crato, ergue-se o Mosteiro Fortificado da Ordem do Hospital da Flor da Rosa. A sua origem remonta ao século XIV. A sua vocação guerreira e espiritual passou para a expressão arquitectónica de uma forma particular.
Quando observamos o mosteiro ao longe, vemos um conjunto austero, composto pela adição de volumes elementares, que têm como contraponto a delicadeza das colunas do claustro ou a elegância vertical das ogivas da nave da igreja. O granito transmite a ideia de dureza defensiva, enquanto o mármore salienta os detalhes e os ornatos. É nestes contrapontos que reside a maior particularidade e expressividade deste mosteiro da Ordem do Hospital.
No início da década de 90 do século passado, o arquiteto João Luís Carrilho da Graça ficou encarregue de adaptar este conjunto arquitetónico a uma pousada, o que justificou a construção dum novo volume para acolher novos quartos, marcando claramente a passagem do final do século XX pelo monumento.


No entanto, o novo edifício não é imediatamente apreensível ao olhar distante: é necessário chegar ao mosteiro, atravessar um terreiro, compreender a adição de volumes, no tempo que nos toma a chegar à dupla porta, com arcos assimétricos e alturas distintas, que vai humanizando a escala do edifício.
Uma vez no claustro, somos surpreendidos com outro ambiente delicado e introspectivo. O carácter defensivo do edifício desvanece-se. Só depois de atravessar o claustro tomamos contacto com um ponto charneira entre o velho e o novo, onde se volta a descobrir a bela paisagem alentejana através de uma grane janela.


Esta "invisibilidade" do novo edifício revela-se uma estratégia iniciática, do arquiteto Carilho da Graça, para descobrir um longo edifício branco, composto por planos plasticistas, marcando o ritmo dos quartos, celebrado através da pala que parece abraçar o velho mosteiro sem lhe tocar. O que demorou um longo caminho a descobrir revela-se agora um gesto corajoso e possante de simbiose física e conceptual entre o passado e o presente, abruptamente marcado pela diferença entre o branco e o granito, a que a luz do Alentejo dá variações inesperadas.


Quando o seu caminho se cruzar com a bela vila do Crato, talvez valha a pena desfrutar do requinte desta pousada carregada de história, onde a proposta arquitetótica de Carrilho da Graça soube incorporar a modernidade num passado secular.


Gabriel Vilas Boas 

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