Passam hoje catorze anos que a Holanda se tornou no primeiro país europeu a legalizar a Eutanásia. Trata-se dum assunto polémico que tem merecido amplo debate em vários países do velho continente e nos Estados Unidos da América.
Apesar de haver muitas vozes favoráveis à legalização da Eutanásia e do
suicídio assistido, só a Bélgica seguiu os passos dos holandeses.
Ainda que muitos dos argumentos dos defensores da Eutanásia me pareçam
justos, continuo a pensar que os perigos que tal legalização implica são bem maiores
que os putativos benefícios. Os factos ocorridos na Holanda, antes e depois da
legalização, apenas confirmam a minha opinião.
Escudados numa lei que os protege, muitos médicos holandeses praticam a
Eutanásia duma maneira desregrada. Vários casos de suicídio assistido têm origem na
pressão exercida pelos familiares dos idosos, para quem estes se tornaram num
empecilho e num peso económico. Também são sobejamente conhecidas situações em
que as administrações hospitalares, incentivam os médicos a ministrar injeções
letais a certos idosos que “pesam” financeiramente ao Hospital.
Durante décadas, os médicos holandeses receberam treino formal, nas
faculdades de medicina, sobre o modo de praticar a eutanásia. Há manuais que
contêm receitas de venenos não detetáveis numa autopsia, precisamente para os
casos em que os doentes estão mais renitentes em tomar uma decisão “consciente”….
Rapidamente se percebeu que o verdadeiro motivo das eutanásias holandesas não era aliviar a dor insuportável dos pacientes mas satisfazer a comodidade de médicos e familiares. É elucidativo que a maioria dos pedidos de Eutanásia não provenha diretamente dos doentes.
Rapidamente se percebeu que o verdadeiro motivo das eutanásias holandesas não era aliviar a dor insuportável dos pacientes mas satisfazer a comodidade de médicos e familiares. É elucidativo que a maioria dos pedidos de Eutanásia não provenha diretamente dos doentes.
Muitos idosos holandeses ainda tentam resistir a esta onda de “assassínio
sem crime”, fazendo o chamado Testamento de Sobrevivência”, no qual declaram
que não desejam a eutanásia para si sem o seu conhecimento. Este documento,
também chamado “Passaporte para a Vida” ou Cartão “Não Quero Morrer”, de pouco
tem valido aos velhos da Holanda, pois os médicos deste país continuam a
ministrar injeções involuntárias em pacientes com diabetes crónica, reumatismo,
esclerose múltipla, SIDA, bronquite.
Atualmente, a Holanda foi mais longe e já permite/tolera a eutanásia em
crianças/ adolescentes, que não precisam necessariamente da autorização dos
pais para solicitar e conseguir a eutanásia.
A experiência holandesa mais convicta tornou a minha oposição à Eutanásia.
Mais tarde ou mais cedo o debate chegará a Portugal. Eu acho que ele virá pelos
piores motivos!
Tal como o lobo fez, com largos sorrisos, vender-nos-ão a ideia do
extremo sofrimento dos nossos idosos, a impossibilidade de lhes aliviar a dor
como factos inamovíveis. Na verdade, acho que apenas procurarão dar seguimento
a duas tendências horríveis da nossa sociedade: o progressivo desinvestimento
nos cuidados de saúde, por parte do Estado e o notório abandono de muitos velhos, por parte dos seus familiares mais chegados.
Leio com muita apreensão os negros sinais que a sociedade nos deixa e
apavora-me a mentalidade desumana de alguns governantes para quem um velho é
analisado como um passivo bancário.
Pessoas que conscientemente queiram pôr termo à vida, pois a dor que as
atormentam é impossível de atenuar, são muito poucas. Sempre serão! Há nas
pessoas um enorme apego à vida! Estas não devem ser ignoradas, mas não podem
constituir um passaporte legal para que gente sem humanidade imponha um tipo de
sociedade, onde a Morte triunfa sobre a Vida antes do tempo.
Gabriel Vilas Boas
Excelente esclarecimento sobre a eutanásia e como pode ser utilizada abusivamente .Ainda há dias(Agosto de 2016 ) ,Cristine Lagarde (directora do FMI ),dizia que: «Os idosos vivem demasiado e isso é um risco para a economia global! Há que tomar medidas urgentes » e,«A longevidade é um risco financeiro ».Possivelmente já terá em vista a eutanásia generalizada ! Obrigada pela sua partilha .
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