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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A EUTANÁSIA




   Passam hoje catorze anos que a Holanda se tornou no primeiro país europeu a legalizar a Eutanásia. Trata-se dum assunto polémico que tem merecido amplo debate em vários países do velho continente e nos Estados Unidos da América.
Apesar de haver muitas vozes favoráveis à legalização da Eutanásia e do suicídio assistido, só a Bélgica seguiu os passos dos holandeses.
Ainda que muitos dos argumentos dos defensores da Eutanásia me pareçam justos, continuo a pensar que os perigos que tal legalização implica são bem maiores que os putativos benefícios. Os factos ocorridos na Holanda, antes e depois da legalização, apenas confirmam a minha opinião.




Escudados numa lei que os protege, muitos médicos holandeses praticam a Eutanásia duma maneira desregrada. Vários casos de suicídio assistido têm origem na pressão exercida pelos familiares dos idosos, para quem estes se tornaram num empecilho e num peso económico. Também são sobejamente conhecidas situações em que as administrações hospitalares, incentivam os médicos a ministrar injeções letais a certos idosos que “pesam” financeiramente ao Hospital.
Durante décadas, os médicos holandeses receberam treino formal, nas faculdades de medicina, sobre o modo de praticar a eutanásia. Há manuais que contêm receitas de venenos não detetáveis numa autopsia, precisamente para os casos em que os doentes estão mais renitentes em tomar uma decisão “consciente”….


Rapidamente se percebeu que o verdadeiro motivo das eutanásias holandesas não era aliviar a dor insuportável dos pacientes mas satisfazer a comodidade de médicos e familiares. É elucidativo que a maioria dos pedidos de Eutanásia não provenha diretamente dos doentes.
Muitos idosos holandeses ainda tentam resistir a esta onda de “assassínio sem crime”, fazendo o chamado Testamento de Sobrevivência”, no qual declaram que não desejam a eutanásia para si sem o seu conhecimento. Este documento, também chamado “Passaporte para a Vida” ou Cartão “Não Quero Morrer”, de pouco tem valido aos velhos da Holanda, pois os médicos deste país continuam a ministrar injeções involuntárias em pacientes com diabetes crónica, reumatismo, esclerose múltipla, SIDA, bronquite.
Atualmente, a Holanda foi mais longe e já permite/tolera a eutanásia em crianças/ adolescentes, que não precisam necessariamente da autorização dos pais para solicitar e conseguir a eutanásia.
A experiência holandesa mais convicta tornou a minha oposição à Eutanásia. Mais tarde ou mais cedo o debate chegará a Portugal. Eu acho que ele virá pelos piores motivos!
Tal como o lobo fez, com largos sorrisos, vender-nos-ão a ideia do extremo sofrimento dos nossos idosos, a impossibilidade de lhes aliviar a dor como factos inamovíveis. Na verdade, acho que apenas procurarão dar seguimento a duas tendências horríveis da nossa sociedade: o progressivo desinvestimento nos cuidados de saúde, por parte do Estado e o notório abandono de muitos velhos, por parte dos seus familiares mais chegados.





Leio com muita apreensão os negros sinais que a sociedade nos deixa e apavora-me a mentalidade desumana de alguns governantes para quem um velho é analisado como um passivo bancário.
Pessoas que conscientemente queiram pôr termo à vida, pois a dor que as atormentam é impossível de atenuar, são muito poucas. Sempre serão! Há nas pessoas um enorme apego à vida! Estas não devem ser ignoradas, mas não podem constituir um passaporte legal para que gente sem humanidade imponha um tipo de sociedade, onde a Morte triunfa sobre a Vida antes do tempo.
Gabriel Vilas Boas




1 comentário:

  1. Excelente esclarecimento sobre a eutanásia e como pode ser utilizada abusivamente .Ainda há dias(Agosto de 2016 ) ,Cristine Lagarde (directora do FMI ),dizia que: «Os idosos vivem demasiado e isso é um risco para a economia global! Há que tomar medidas urgentes » e,«A longevidade é um risco financeiro ».Possivelmente já terá em vista a eutanásia generalizada ! Obrigada pela sua partilha .

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