Há quarenta anos a designer japonesa Yuko Shimisu criava um dos maiores
ícones das meninas e adolescentes de todo o mundo: a Hello Kitty. Esta
ilustradora japonesa criou esta adorável gatinha a partir da história de Lewis
Carroll “Through the looking glass”, onde a protagonista, Alice, brinca com
dois gatinhos, um deles chamado Kitty.
A ilustradora japonesa decidiu batizar a sua criação com um nome inglês
porque a cultura inglesa e a norte-americana eram muito populares entre as
raparigas japonesas.
Recentemente, a “Sanrio” explicou que, ao contrário do
que a maioria das pessoas pensa, a Hello Kitty não é uma gata, mas uma personagem.
É uma menina. É uma amiga. Mas não é uma gata. Nunca a vemos em quatro patas.
Ela anda e senta-se como uma criatura de duas pernas. Segundo a Sanrio, o nome
verdadeiro da personagem é Kitty White, e ela nasceu no sul da Inglaterra no
dia 1º de novembro de 1974 e é, obviamente, do signo de Escorpião. Kitty tem
uma irmã gêmea, Minny White, e vive nos arredores de Londres com o seu pai,
George e a sua mãe, Mary.
O que é certo é que esta
criação de Shimisu povoou o imaginário de milhões de meninas em todo o mundo ao
longo de quatro décadas.
Tornou-se igualmente um fenómeno
comercial, pois a “Sanrio” tratou de patentear a marca dois anos após a sua
criação e começou a produzir todo o tipo de adereços para meninas com o logótipo
Kitty. Borrachas, cadernos, lápis, canetas, acessórios de moda para bonecas e
crianças, jogos eletrónicos e, claro, séries de desenhos animados. A Hello
Kitty tornou-se no que é hoje: um enorme negócio.
Prefiro centrar-me naquilo
que faz a grande máquina do marketing girar: as emoções. Neste caso, as emoções
puras e delicadas das crianças que veem nesta personagem a graciosidade
feminina, o recato e a placidez oriental, a simpatia, o olhar doce e terno.
A Hello Kitty ganhou
família, amigos e até namorado. Ganhou sobretudo a admiração a de milhões de
meninas que fazem questão de usar um qualquer adereço da Hello Kitty, como
prova do seu bom gosto, da sua feminilidade pueril, da sua pequena vaidade
feminina.
Um dos traços mais
característicos da Kitty é a ausência da boca. Algumas histórias/mitos procuraram
justificar esta ausência, sendo que muitas pessoas referem que a Kitty não tem
boca porque “fala com o coração”, mas a verdade é que essa ausência foi uma
estratégia deliberada da criadora para que as pessoas pudessem projetar nela os
seus próprios sentimentos.
Foi o que fizeram milhões de
crianças ao longo de dezenas de anos. A Kitty foi a sua amiga, confidente,
irmã, mãe ou pai, que supriu as ausências dos adultos em momentos muito difíceis.
Paulo Farinha explica hoje
na revista “Notícias Magazine” que muitas vezes as nossas pequenas princesas
nos dizem com os olhos ou pequenos monossílabos sem tradução algo parecido com
isto: “Pai/Mãe, sê a minha Kitty e ouve-me! Conversa comigo, brinca comigo, sê
o meu melhor amigo!”
Tal como a Kitty, dizem-no
de boca fechada e por isso demoramos tempo de mais a perceber.
Gabriel Vilas Boas
A forma como olhamos para as gatas depende do sexo e da idade do observador!
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