“Gostava de vos dizer que sou português, um país muito antigo, com uma características muito particulares e com um povo para o qual dá muito prazer cantar”
Foi com estas magníficas palavras que Carlos do Carmo se apresentou, há poucas horas, em Las Vegas para receber o Grammy Latino de Carreira, que premeia o fadista português pela excelência da sua carreira musical, o fado e a cultura portuguesa.
É, talvez, o momento mais alto da cultura portuguesa durante este ano de 20014. No meu entender, este prémio consagra não apenas a voz extraordinária de Carlos do Carmo, mas também o fado, em todo o seu esplendor e beleza como uma das marcas indeléveis da cultura portuguesa.
Fiquei muito satisfeito por Carlos do Carmo ter centrado o seu discurso de agradecimento, deste relevante prémio, no seu povo. Gostemos ou não deste estilo musical, o fado é um pouco da alma portuguesa. Há nele toda a melancolia triste e doce dos portugueses, o seu destino sofrido, a beleza e profundidade dos seus sentimentos. Ligar o prémio aos portugueses foi duma enorme grandiosidade e generosidade por parte de Carlos do Carmo.
O homem que já canta o fado profissionalmente há mais de meio século não deixou também de falar do Fado e explicou que “Não é possível cantar o fado sem uma profunda paixão. Sem uma profunda dádiva do coração. Fala do amor. Da tristeza. Dos sentimentos. Da vida.”
Hoje, ouvi as várias entrevistas que Carlos do Carmo gravou para as principais rádios portuguesas. Surpreendeu-me quando referiu que este prémio não era a “cereja no topo do bolo” da sua carreira, pois considerava que esse momento foi alcançado há dois anos, quando a UNESCO considerou o Fado património imaterial da Humanidade. Também por isto o filho da grande fadista Lucília do Carmo merece o seu aplauso.
No discurso de agradecimentos, o fadista português falou ainda da sua Lisboa, dos grandes poetas e dos excelentes compositores lusitanos, sem esquecer os notáveis músicos com que foi atuando ao longo da carreira. Convidou a audiência a vir a Lisboa e a visitar o museu do Fado. Disse tanto sobre nós, serenamente, apaixonadamente, comovedoramente…
Hoje o Fado saiu engrandecido, a cultura portuguesa ficou mais rica e Portugal ganhou mais um motivo para sentir orgulho. O causador disso tudo foi um senhor de setenta e cinco anos que se chama Carlos do Carmo. Parabéns!
Gabriel Vilas Boas
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