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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

YASSER ARAFAT



Pensei muito nisto quando, ontem, tropecei no décimo aniversário da morte de Yasser Arafat. Não sei se o problema é dos tempos ou se é do Sujeito. No caso de Arafat, acho que se tratou um pouco das duas coisas.
O facto é que Arafat passou ao lado da História, ao não conseguir ser o líder palestiniano que conduziu o seu povo à terra prometida e, desse modo, fechar a ferida de ódio mais difícil de sarar atualmente no mundo – a guerra israelo-palestiniana.
Arafat morreu há dez anos, em Paris, provavelmente assassinado de modo científico, mas o seu fim político começara em 11 de setembro de 2001, quando os estados Unidos se afastaram definitivamente da OLP, em particular, e dos países árabes, em geral.
Antes, Arafat tivera a oportunidade única de inscrever o seu nome a letras d’oiro no livro da História do século XX. Em 1993, a administração norte-americana, liderada pelo democrata Bill Clinton, empurrou o governo israelita de Itzhak Rabin para a paz com os palestinianos de Arafat.  No entanto, nem o destino nem a sabedoria do líder da OLP permitiram que a paz triunfasse.


Rabin seria assassinado por alguém que nunca compreendeu que a paz e o perdão são valores bem superiores ao ódio e ao ressentimento. Clinton ainda forçou Ehud Barak a aceitar o essencial da paz negociada entre Arafat e Rabin. Barak ofereceu à Autoridade Palestiniana um Estado, onde cabiam a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, ainda que alguns pontos tidos como essenciais para os palestinianos não estivessem devidamente caracterizados. Incompreensivelmente, Arafat recusou a proposta judaica e deu início à segunda Intifada. A História não lhe deu nova oportunidade e os últimos anos foram penosos.
Preso no seu “palácio” de Ramallah, jamais Arafat conseguiu convencer os judeus de que os seus propósitos eram, inequivocamente, pacíficos. O falcão Ariel Sharon tratou de arranjar as provas que justificaram novos ataques israelitas, para quem Arafat voltara a ser o terrorista dos tempos da Fatah, que usou a Jordânia e o Líbano para atacar Israel.


Olhando friamente a biografia do homem que nasceu no Cairo, em pleno verão de 1929, mas passou a vida inteira a dizer que nascera em Jerusalém, vemos que Arafat passou demasiado tempo a patrocinar ataques suicidas, a justificar-se pelas armas, a planear a guerra para ser merecedor do Nobel da Paz – 1994. Mesmo assim, a História parou o seu comboio na Estação Arafat, em consideração ao povo que representava. Arafat hesitou e a História partiu para sempre sem o levar.

Gabriel Vilas Boas 

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