Virgílio Ferreira certo dia chamou-lhe “O mais belo adeus da Europa” e quem sobe a serra de Sintra e lá no alto encontra o majestático e imponente Palácio da Pena percebe a razão e não lamenta a pena que traz no corpo.
O Palácio da Pena é o maior símbolo da arquitetura romântica que existe em Portugal. Residência real de verão, este palácio em forma de castelo foi mandado construir por D. Fernando Saxe Coburgo Gothe, rei consorte, com quem a nossa rainha D. Maria II casou em 1836.
Na construção do palácio foram aproveitadas as ruínas dum pequeno convento já existente no local, mandado edificar no século XVI por D. Manuel II, em comemoração da segunda viagem do navegador Vasco da Gama à Índia. No entanto, o pequeno convento Jerónimo estava, no momento em que foi comprado pelo rei D. Fernando em 1838, em ruínas em consequência do terramoto de 1755 e abandonado em por causa da extinção das ordens religiosas em 1834.
A ideia inicial era recuperar o antigo convento, mas a pequenez das instalações para os fins previstos, levou o mecenas real à ampliação da construção com um conjunto de novas construções, a que se chamou palácio novo.
Este projeto, de grande envergadura, que corresponde à totalidade do edifício amarelo e revestido a azulejo, teve a colaboração do barão Von Eschwege, engenheiro de minas alemão que estava em Portugal na altura. O gosto romântico do rei-artista, (assim o rei D. Fernando ficou conhecido entre os portugueses), aliado a uma versatilidade de interesses com as artes decorativas, a pintura, a escultura e os seu entusiasmo pelos espaços verdes levaram à criação de um magnífico jardim romântico, sendo o parque da Pena o exemplo acabado do paisagismo pitoresco, tão apreciado na época, plantando invulgar coleção de plantas e árvores que hoje são o ex-libris da floresta de Sintra.
O palácio nacional da Pena constitui um exemplo de tendências arquitetónicas e decorativas ímpares do período romântico e da extraordinária sensibilidade do rei D. Fernando.
A estrutura arquitétonica, o ecletismo e o exotismo oriental e islâmico criaram o programa romântico de todo o conjunto, constituindo-se, espaço verde e espaço edificado como uma “obra de arte total”.
Como Richard Strauss afirmou, talvez o Palácio da Pena seja “a coisa mais bela que vi em Portugal; o verdadeiro Jardim do Klingsor, onde, lá no alto, fica o Castelo do Santo Graal”.
Certamente é por isso que muitos dizem que Sintra é um local mágico a que convém não escapar. Visitar o Palácio da Pena é um verdadeiro bálsamo para a alma e para o espírito.
Gabriel Vilas Boas.
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