"Pinto-me a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor."
"Pintar completou a minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas, que teriam preenchido a minha vida pavorosa. A minha pintura tomou o lugar de tudo isso. Creio que trabalhar é o melhor."
Frida Kahlo
Frida Kahlo foi
uma pintura mexicana excecional, que viveu na primeira metade do século XX. A
sua vida parece um conto de fadas ao contrário. Uma vida conturbada e muito
infeliz, marcada por acidentes gravíssimos, saúde muito periclitante,
relacionamentos amorosos muito difíceis. No entanto, a Frida Kahlo era uma
mulher duma determinação única, uma personalidade fortíssima, que jamais se
ficava perante alguém ou algo. A sua pintura reflete a sua vida, as suas opções
amorosas, políticas, ideológicas e até os graves problemas de saúde que a
acompanharam numa vida tão cheia e intensa, apesar de só ter durado 47 anos.
Hoje foco a minha atenção no seu Auto-Retrato (a moldura). Um óleo
sobre metal com vidro, pintado no México, em 1938.
O rosto que espreita desta animada moldura é o da pintora mexicana
Frida Kahlo. Kahlo voltou-se para a arte enquanto recuperava de um debilitante
acidente rodoviário e retratou-se a si própria mais de 100 vezes, dizendo que
era o tema que melhor conhecia.
O quadro celebra as raízes mexicanas de Kahlo. As ornamentações
foram inspiradas pela arte popular mexicana e o retrato em si mostra Kahlo num
traje tradicional do seu país, com fitas e flores no cabelo.
A obra foi exibida numa exposição de arte mexicana e tornou-se num
sucesso imediato quando foi comprada pelo famoso Museu do Louvre, em Paris.
É provável que
as aves tenham sido baseadas em animais de estimação da própria Kahlo, que
tinha muitos, incluindo papagaios e macacos, e os representava frequentemente
nos seus retratos.
Neste auto-retrato devemos reparar nas diferentes flores e
formas decorativas que compõem a moldura. As ornamentações foram pintadas em
cores transparentes, do lado de dentro dum pedaço de vidro. É isso que explica
as alterações cromáticas quando as cores se sobrepõem no centro do quadro.
Também é necessário
prestar atenção à mistura de estilos. A moldura é deliberadamente vibrante,
carregada e simples. Por contraste, o rosto de Kahlo é mais realista. O rosto
foi pintado sobre metal, dado que o metal é brilhante e não absorve a tinta. As
cores são forte e vivas.
Por último, uma nota para as
duas aves exóticas ao fundo da imagem, sobrepondo-se ao retrato.
Como este próprio
auto-retrato sugere, a vida de Frida Kahlo é cheia de cor e movimento. A ela
estiveram atentos diversos artistas da atualidade. No ano de 1992, Frida foi
mencionada na canção "Esquadros” de Adriana Calcanhoto. Em 2008, a banda
inglesa Coldplay lançou o álbum Viva la Vida or Death and All His Friends, cujo
título é inspirado num quadro de Frida, também intitulado "Viva La
Vida" e que dá o nome também à principal canção do disco. Segundo o
vocalista Chris Martin, o título foi escolhido devido ao otimismo de Frida,
mesmo com os percalços sofridos pela artista, ao exaltar a vida no referido
quadro.
Mas se quiserem
conhecer esta personagem única, o melhor é ver o filme de Julie Taymor,
“Frida”, de 2002, que narra a história da pintora, interpretada pela atriz
Salma Hayek.
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