Foto de Pedro Diaz Molins
Uma
imagem vale mais do que mil palavras.
Esta
é uma ideia que fez o poder da fotografia ao longo da história. Hoje, as pessoas
comunicam por imagens e a fotografia tornou-se a password do mundo moderno. Os
smartphones, as redes sociais, as câmaras cada vez mais sofisticadas endeusaram,
democratizaram, mas também banalizaram uma arte cada vez menos sagrada.
O
interesse das pessoas pela fotografia, pela arte de bem fotografar aumentou
exponencialmente nos últimos anos e há um número crescente de pessoas capaz dos
maiores sacrifícios pessoais e económicos para tirar “aquela fotografia”.
A
massificação da fotografia aparece com o advento das redes sociais. Deixou de
ilustrar primordialmente para passar a comunicar. Comunica desejos, documenta estados,
provoca emoções e sentimentos, faz prova…
Foto de Benoit Courti
Sempre
me senti atraído pela fotografia documento e menos pelo lado lúdico da arte que
consagrou mestres como Bresson, Gérard Castello Lopes ou Sebastião Salgado. Como
afirmei recentemente, admiro especialmente o fotojornalismo, mas reconheço a
sedução que o lado estético e lúdico exerce sobre as pessoas.
Ansel
Adams disse uma vez que uma fotografia não se captura, antes se faz. Não estava
por certo a referir-se ao Photoshop que, no meu entender, tem feito mais mal do
que bem a uma arte que exige técnica e sensibilidade na busca da verdade
escondida e não retoques habilidosos na construção duma mentira mais bela.
A
ideia de Adams parece ser semelhante à de Gérard Castello Lopes que diz que “a fotografia é uma forma de ficção. É ao
mesmo tempo um registo da realidade e um autorretrato, porque só o fotógrafo vê
aquilo daquela maneira.” Jefersson Luís acrescenta uma ideia feliz a esta
comparação entre o fotógrafo e o escritor: um descreve uma imagem com mil
palavras, o outro descreve mil palavras numa imagem.
Foto de Sebastean Luczywo
Muitas vezes, o fotógrafo tem momentos de
inspiração rara e cria poesia com a sua máquina. Peter Umenyi chamou à fotografia
a poesia da imobilidade, na medida que apenas através dela certos instantes se
deixam ver tal como são. A fotografia aprisiona esses momentos para a
eternidade, por isso o fotógrafo é uma espécie de memória coletiva a quem
devemos a consciência de nós. Existem coisas que ninguém veria, saberia,
sentiria senão fossem as fotografias.
Quando dispara o seu click, na brusquidão ou
na suavidade, no repentismo ou na demora, o fotógrafo carrega consigo toda a
cultura que o formou, como muito bem diz Sebastião Salgado. Não fazemos uma
foto apenas com uma máquina fotográfica; no ato de fotografar trazemos connosco
todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as
pessoas que amamos. Talvez por isso Bresson tenha dito que a “A fotografia é
uma lição de amor e ódio ao mesmo tempo. É uma metralhadora, mas também é o
divã do analista. Uma interrogação e uma afirmação, um sim e um não ao mesmo
tempo. Mas é sobretudo um beijo muito cálido.”
Foto de Ricardo Bento
De vez em quando, cada um de nós faz uma
grande fotografia. Muitas vezes por sorte, algumas por talento. Em todo o caso,
todos sentimos o mesmo: fotografar é uma forma maravilhosa de viver.
Gabriel
Vilas Boas
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