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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

THE GIFT



Após um dia cheio de sol, praia e água, rumei a Olhão e ao seu famoso festival do Marisco. Depois dum jantar saboroso, uma sobremesa que foi um GIFT. A banda de Sónia Tavares, Nuno Gonçalves e Paulo Praça deu um excelente concerto, conquistando o público, música após música.

Muito público optou por ficar sentado nas cadeiras disponíveis no recinto enquanto os mais entusiastas e devotos da banda de Alcobaça marcavam presença junto ao palco. Sónia Tavares anunciou que o concerto ia ser uma espécie de retrospetiva das duas décadas de carreira do grupo. “Driving you slow”, do álbum AM/FM de 2004, agarrou a assistência desde o início e estimulou a vocalista que fez um concerto em crescendo. 

Nuno Gonçalves, muito entusiasmado, não perdia uma oportunidade de puxar pelo público, quase todo já de pé, a cantar, a dançar, a divertir-se. Curioso notar a presença de muitos casais com filhos de tenra idade, nada aborrecidos com aquela música cantada em inglês. Uns punham-se em cima das cadeiras para ver melhor, outros tentavam imitar a letra das músicas no seu criancês muito peculiar.

Apesar de ser uma banda que canta, primordialmente, em inglês, a canção mais conhecida e glamourosa dos The Gitf é em Português. “Primavera” é um hino da pop portuguesa. Sensível, intimista, a letra é conhecida por toda a gente, que a entoa com um prazer depurado.


“Sábado à noite não sou tão só
Somente só
A sós contigo assim
E sei dos teus erros
Os meus e os teus
Os teus e os meus amores que não conheci

(…)

Hei-de te amar, ou então hei-de chorar por ti
Mesmo assim, quero ver te sorrir...
E se perder vou tentar esquecer-me de vez, conto até três
Se quiser ser feliz...”

Mas rapidamente, Sónia volta ao movimento, à dança, ao lado mais Explode da banda, de que RGB é um ícone. Da letra à criação musical, RGB é daquelas músicas que ganhou lugar cativo no coração de muitos milhares de nós. Há na música uma tensão permanente, um desejo de dançar, um prazer em crescendo que se estende da alma até ao corpo, fazendo escala no mundo dos sonhos. E depois aquele final é como um soneto: fecha com chave de ouro, uma música que “Running to the stars / Never gets you very far” da perfeição.



A meio do concerto deparei-me com uma música, “Race is long”. À primeira vista mais uma canção sobre a difícil arte do encontro na vida das pessoas. Eu pensei na própria existência do grupo. Acho que eles perceberam que a “Race is long” e não convém desistir aos primeiros contratempos. Cantando em inglês, não tiveram o mesmo beneplácito da indústria musical portuguesa que os Silence 4, mas não desesperaram, conquistaram pacientemente o seu espaço e o reconhecimento do seu talento acabou por acontecer ou antes explodir. Talvez porque nunca deixaram de ter os media e a crítica especializada do seu lado, caucionando todo o projeto musical da banda. 

De volta ao concerto, verifico que Sónia Tavares está completamente envolvida com o público. Dança, conversa, brinca. Está feliz! À sua frente uma senhora de sessenta anos acompanha o ritmo de mais uma música, com palmas sincopadas e satisfeitas. Talvez nem percebesse a letra ou nem fosse fã do grupo, mas a sonoridade envolveu-a por completo.

Depois de mais de hora e meia de concerto, a banda voltava para um longo encore de cinco músicas. Era “Fácil de entender” que estavam felizes. O público correspondia, queria ficar bem na fotografia que Sónia fez questão de lhe tirar na despedida demorada. Ela sabia que tinha de voltar a tocar “Primavera”. Não era sábado à noite e estamos no verão, mas fãs e banda “can’t help falling in love”.

Gabriel Vilas Boas 

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