Praga
mostra-nos de uma forma interessante como uma cidade consegue ter prédios e
monumentos das mais variadas épocas e estilos e, no entanto, formar um conjunto harmonioso.
Testemunho disso é a “Casa Dançante”, um prédio actual e arrojado que, apesar de
ser o mais polémico edifício de Praga,consegue não destoar na paisagem clássica
da cidade.
O
edifício foi projectado pelos arquitectos Vlado Milunić (1941- ) e Frank Gehry (1929
- ) a pedido do então presidente Havel, um homem ligado às artes, que pretendia
instalar um centro cultural, no local ocupado pelas ruínas de um edifício
Neo-Renascentista, situado nas margem do rio Vltava e destruído por um
bombardeamento em 1945.
A”
Casa Dançante” é uma obra “desconstrutivista”, cujo conceito parece ter sido
inspirado num diálogo racional, entre, por um lado, uma conceção vertical e totalitária
e, por outro, uma sociedade dinâmica em plena mudança (acabava de acontecer a
“revolução de veludo” de 1989 e a separação da Checoslováquia em dois países, a
República Checa e a Eslováquia em 1993).
Podemos
ver que o lado esquerdo do prédio parece que foi esmagado, talvez numa alusão ao
efeito violento das bombas, mas, ao mesmo tempo, também parece que está “a dançar
”, sugerindo uma dançarina com um vestido plissado (de vidro), em movimento, nos
braços do seu par, firme e elegante. O nome do edifício vem precisamente daí, porque
as duas torres juntas fazem lembrar um célebre par de dançarinos: Ginger Rogers e
Fred Astair, que fizeram vários filmes musicais entre 1933 e 1949 nos USA. Muitos
chamam-lhe simplesmente “Ginger e Fred”.
Na “Casa Dançante” percebe-se a personalidade arquitetónica de Frank Gehry, livre de qualquer rigidez formal herdada do modernismo e, sobretudo, da sua convicção de que a forma não deveria, necessariamente, seguir a função. Atrevo-me a dizer que este arquitecto é por vezes “Neo-Barroco”, quer no modo como pensa quer como idealiza as suas obras. Exemplo disto é a constante busca do movimento, do fantástico, da assimetria e da plasticidade. Nele é igualmente patente a antítese entre os espaços interiores e exteriores, a utilização de elementos puramente decorativos e os jogos de claro-escuro obtidos através das massas ora salientes ora reentrantes.
Honrando
a tradição da cidade de Praga, em que muitas edificações importantes são rematadas
por cúpulas e pináculos, Gehry rematou o prédio com uma ornamentação constituída por
tiras de malha de arame tecido.
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