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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

CASA DANÇANTE OU "GINGER E FRED"


“Casa Dançante” ou “Ginger e Fred” _ 1994-96, Praga, República Checa
Praga mostra-nos de uma forma interessante como uma cidade consegue ter prédios e monumentos das mais variadas épocas e estilos e, no entanto, formar um conjunto harmonioso. Testemunho disso é a “Casa Dançante”, um prédio actual e arrojado que, apesar de ser o mais polémico edifício de Praga,consegue não destoar na paisagem clássica da cidade.



O edifício foi projectado pelos arquitectos Vlado Milunić (1941- ) e Frank Gehry (1929 - ) a pedido do então presidente Havel, um homem ligado às artes, que pretendia instalar um centro cultural, no local ocupado pelas ruínas de um edifício Neo-Renascentista, situado nas margem do rio Vltava e destruído por um bombardeamento em 1945.
A” Casa Dançante” é uma obra “desconstrutivista”, cujo conceito parece ter sido inspirado num diálogo racional, entre, por um lado, uma conceção vertical e totalitária e, por outro, uma sociedade dinâmica em plena mudança (acabava de acontecer a “revolução de veludo” de 1989 e a separação da Checoslováquia em dois países, a República Checa e a Eslováquia em 1993).
Podemos ver que o lado esquerdo do prédio parece que foi esmagado, talvez numa alusão ao efeito violento das bombas, mas, ao mesmo tempo, também parece que está “a dançar ”, sugerindo uma dançarina com um vestido plissado (de vidro), em movimento, nos braços do seu par, firme e elegante. O nome do edifício vem precisamente daí, porque as duas torres juntas fazem lembrar um célebre par de dançarinos: Ginger Rogers e Fred Astair, que fizeram vários filmes musicais entre 1933 e 1949 nos USA. Muitos chamam-lhe simplesmente “Ginger e Fred”.


Na “Casa Dançante” percebe-se a personalidade arquitetónica de Frank Gehry, livre de qualquer rigidez formal herdada do modernismo e, sobretudo, da sua convicção de que a forma não deveria, necessariamente, seguir a função. Atrevo-me a dizer que este arquitecto é por vezes “Neo-Barroco”, quer no modo como pensa quer como idealiza as suas obras. Exemplo disto é a constante busca do movimento, do fantástico, da assimetria e da plasticidade. Nele é igualmente patente a antítese entre os espaços interiores e exteriores, a utilização de elementos puramente decorativos e os jogos de claro-escuro obtidos através das massas ora salientes ora reentrantes.
Honrando a tradição da cidade de Praga, em que muitas edificações importantes são rematadas por cúpulas e pináculos, Gehry rematou o prédio com uma ornamentação constituída por tiras de malha de arame tecido.

Infelizmente a ideia inicial para o edifício de ser um centro cultural (o edifício destruído durante a 2.ª guerra mundial já tinha essas funções) não conseguiu ir avante. Hoje, o edifício alberga escritórios de várias empresas multinacionais. Na cobertura funciona um restaurante.

Teresa Beyer

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