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sábado, 16 de agosto de 2014

ROBIN WILLIAMS



Oh, Captain, my Captain…


        
     Robin Williams morreu há dias. Consta que se suicidou e isso não pode deixar de ser inquietante para todos aqueles que cresceram a vê-lo e ouvi-lo ensinar o amor à vida, à boa disposição, à alegria...
     A minha geração cresceu com ele a gritar “good morning Vietname”, mas sobretudo a ser o professor dos sonhos de todo nós, que nos ensina a não seguir dogmas cegamente, que nos mostra a beleza da liberdade responsável, a magia da poesia, a coragem do desafio.
    Robin Williams começou a se conhecido quando, em 1987, fez o sucesso “Good morning Vietname” onde a sua performance lhe valeu uma indicação para Óscar. O seu talento de comediante e a sua arte dramática começavam a dar nas vistas, ao mesmo tempo que sobressaia um talento que vinha dos tempos de infância: a capacidade de imitar vozes.


  A carreira tinha começado dez anos antes. Durante essa década Robin Williams alternou bons desempenhos, como em “O Estranho mundo de Garp”, 1982, com atuações com menor brilho, caso de “Popeye”, 1977.
   Depois de Good Morning Vietname” tudo foi diferente. Em 1989, fez o mítico “Clube dos Poetas Mortos”, único filme que revi várias vezes e que me emocionei em todas elas. Nele Robin Williams fazia o papel do professor Keating que defendia que “a educação era aprender a pensar por si próprio”. O homem que desafiou uma escola conservadora, onde os pilares eram a tradição, disciplina, honra e excelência, ao inovar no método de ensino, ao convocar os alunos para o “carpem diem” que quase todos nós passamos a ter na boca desde então.
  Vi o filme enquanto aluno e desejava ter professores assim. Hoje que sou professor, o modelo Keating continua a ser uma inspiração.

   
Apesar do seu desempenho, também não passou de nova nomeação para Óscar e o mesmo aconteceu com “O Rei Pescador”, em 1991. Felizmente, Hollywood desfez a injustiça em 1997 e tributou-o, finalmente, com o Óscar de Melhor Ator Secundário pela sua performance no filme “O Bom Rebelde”. O filme relata a história de um jovem rebelde, que trabalha como servente numa universidade de Boston e revela-se um génio em matemática, quando o professor Lambeau incita os alunos a resolverem um teorema. E Will consegue resolvê-lo. Mas depois acaba por se meter em problemas e é preso. Por determinação legal, ele precisa de fazer terapia e ter aulas de matemática com Lambeau, mas nada funciona, pois ele ridiculariza tudo e todos, até que se identifica com um deles, Sean Maquire, ou seja, Robin Williams. Mais uma vez Robin Williams, a salvar vidas, indicando-lhe um caminho não convencional para a salvação.

     No dia 11 de agosto pôs fim à sua vida. Dizem que estava devastado com o cancelamento da sua série na TV. Acho apenas que o ator descobriu que a sua vida não tinha mais tutano para sugar, nem havia bosque para se refugiar. Ele viveu, viveu muito e viveu intensamente. Talvez tenha descoberto “que o pior, é morrer sozinho. A pior coisa é morrer rodeado por pessoas que fazem você sentir-se solitário.”
 

Gabriel Vilas Boas


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