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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

GUERNICA



“No, la pintura no está hecha para decorar las habitaciones. Es un instrumento de guerra ofensivo y defensivo contra el enemigo.” Picasso, sobre Guernica



“Guernica” é, talvez, o quadro, do espanhol Pablo Picasso, mais conhecido. Além da inquestionável qualidade artística, a fama deriva-lhe, também, do acontecimento a que se refere: a Guerra Civil espanhola, antecâmara da II Guerra Mundial.
O artista espanhol pintou este poderoso quadro antiguerra como protesto contra um acontecimento terrível que teve lugar durante a Guerra Civil Espanhola. Em 1937, centenas de civis foram mortos na sequência do bombardeamento aéreo da cidade espanhola de Guernica.
O ataque a Guernica foi manchete nas notícias. A devastação foi mostrada em sombrias imagens a preto e branco nas páginas dos jornais e nos blocos de atualidades exibidos nos cinemas. Picasso viu estas imagens e decidiu imitá-las, optando por pintar o seu quadro num preto e branco austero.
O quadro de Picasso é dotado dum grande simbolismo.
No canto superior esquerdo, podemos ver um touro que observa uma mulher agarrada a uma criança. Segundo o pintor, o touro representava a brutalidade e as trevas. No canto superior direito, observamos uma mulher a cair duma casa em chamas, lembrando os inúmeros incêndios causados pelos bombardeamentos.
                Ao centro, temos desenhado a figura dum cavalo, que simboliza o povo. O animal está trespassado por uma lança. Ao lado do cavalo, um rosto assiste, horrorizado, da janela.
                Na parte inferior, Picasso pintou um soldado morto, que jaz, por terra e uma mulher, tentando fugir das bombas.
                É também de realçar, neste óleo sobre tela, do artista espanhol, as mudanças bruscas entre a luz e escuridão, que sugerem os clarões das bombas a explodir. Já as formas dentadas e distorcidas, desenhadas no canto superior direito, fazem com que tudo pareça distorcido e desfigurado.

Guernica após o bombardeamento ficou reduzida a escombros, com fogos que arderam durante três dias.
 Um terço dos habitantes da cidade foi morto ou ferido.

 Pablo Picasso afirmou que teve, ao criar esta obra, “um sentido deliberado de propaganda”. Através dela, esperava sensibilizar as consciências e congregar a oposição às forças de extrema-direita, responsáveis pelo bombardeamento. A enorme dimensão do quadro e as figuras torturadas foram pensadas para maximizar o impacto junto do povo espanhol.
                O acontecimento foi condenado no mundo inteiro, mas isso de pouco serviu à Espanha. A guerra acabou com o país nas mãos dum brutal ditador.
                Picasso recusou-se a deixar que “Guernica” fosse visto em Espanha até à restauração da democracia, que aconteceu, finalmente, em 1975. A obra está hoje sediada em Madrid, no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia.

Gabriel Vilas Boas

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