"I had my trumpet, I had a beautiful life, I had a family, I had Jazz. Now I am complete." Louis Armstrong
Quando no final dos anos oitenta vi o filme de Berry Levinson, “Good Morning Vietnam”, onde a magistral interpretação de Robin Williams fazia rir e pensar o público de todo o mundo, um momento da película ficou-me na retina para sempre: enquanto explodiam bombas, crianças fugiam e soldados eram apanhados desprevenidos pela ação da guerrilha, ouvia-se a eterna música de Louis Armstrong “What a Wonderful World” e a letra acentuava toda a estupidez da guerra.
Aquela música entrara para sempre no meu coração, não apenas pela maravilhosa letra, mas, sobretudo, pela sublime partitura que comove milhões há quase meio século.
Pouco tempo depois, descobri que o autor de What a Wonderful World era o mítico (mas para mim desconhecido) Louis Armstrong.
Se hoje fosse vivo, Armstrong completaria a improvável idade de 113 anos. No entanto ele viveu apenas 69 anos e alguns meses. Foi uma vida que teve tudo para ser profundamente infeliz, mas que o excecional talento de Armstrong para a música e, em especial, para o trompete, acabou por transformar a vida do negro, nascido de Nova Orleans, num fenómeno da música norte-americana.
Louis Armstrong e Grace Kelly
Com o seu trompete ou com a sua inimitável voz, ele personifica um tipo de música muito típica dos negros norte-americanos: o jazz.
Da infância brutalmente pobre, trouxe a força interior que o fez superar o abandono familiar do pai e uma mãe prostituta. A música dos bares atraiu-o desde a infância e para lá fugia à socapa para ouvir o som do trompete que o encantava. Conseguiu comprar um trompete, com dinheiro emprestado de uma família imigrante russo-judia, os Karnofskys que, até ao final da sua vida, considerou como membros da família. Por essa razão, Louis usou uma Estrela de David durante toda a sua vida.
Nos seus primeiros anos, Armstrong foi mais conhecido por tocar corneta e trompete. Também nos seus primeiros anos, a melhor e mais conhecida música foi os Hot Five e Hot Seven. Ainda hoje ele é conhecido por isso. No entanto, a sua carreira conheceu uma amplitude bem maior, pois Louis Armstrong foi também cantor, compositor, saxofonista. A sua voz era assombrosa. Tinha uma voz potente e de alto timbre. Ao lado do trompetista e do cantor existia igualmente o ativista político e social americano que lutou pela igual de direitos dos negros nos Estados Unidos. Armstrong foi fortemente influenciado por Martin Luther King no tipo de músicas que tocava e nas letras, que eram, algumas vezes, sobre o racismo e a necessidade de acabar com ele.
Armstrong morreu realizado e de bem com a vida. Pelo meio deixou dezenas de músicas que acompanham alguns dos sentimentos mais profundos das nossas vidas.
Oiçam-no outra vez que ele vale sempre a pena.
Gabriel Vilas Boas
Lindo!!
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