O filme conta a história do jovem Jamal Malik, oriundo duma família dos bairros de lata de Mumbai, Índia, prestes a ganhar o prémio de 20 milhões de rúpias no programa "Quem Quer Ser Um Milionário?" - feito que nenhum participante conseguira até então. Visto por toda a população através da televisão, Jamal acaba preso por suspeita de fraude. Como seria possível um rapaz que morou toda a vida na rua ter conhecimento suficiente para vencer o jogo? Teria ele roubado? Ou seria apenas sorte? Para provar a sua inocência, Jamal começa a contar a sua história e com ela vai justificando cada uma das respostas que o levaram até à pergunta final, mostrando como até o conhecimento está espalhado pelo quotidiano duma maneira surpreendente. Simultaneamente, Jamal relembra a sua infância, onde assumem particular importância o seu irmão e a grande paixão da sua vida, a jovem Latika.
Quando o filme chegou às salas de cinema, o veredicto popular surpreende toda a crítica. De semana para semana cresce uma onde gigantesca de satisfação com o filme do realizador inglês. A crítica é obrigada a reparar novamente na película de Danny Boyle e começa a encontrar-lhe méritos onde antes via defeitos.
Na minha opinião, o filme é muito mais que a fácil exploração da história dum miúdo dos bairros de lata de Bombaim, cujo caminho em busca da felicidade e em fuga da miséria o leva à edição local do concurso "Quem Quer Ser Milionário". O público que encheu as salas e derrotou a crítica, viu no filme de Boyle o retrato dum realismo sincero.
É certo que o filme vai buscar os mitos heróicos e amorosos mais conhecidos e usados em cinema e transporta-os para o mundo atual, através duma história pouco convencional onde se mistura a história passada de Jamal com o momento presente, numa fusão bem conseguida.
De vez em quando o público precisa que lhe contem uma história onde triunfa a bondade do espírito humano e o herói de coração puro vence todas as adversidades. É uma espécie de redenção, de catarse colectiva que de tempos a tempos sente necessidade de fazer.
E quando pressente que há autenticidade e verdade na “história” que lhe contam, deixa-se arrebatar. Foi o que aconteceu com "Quem quer ser Mi(bi)lionário?"
Entretanto a onde cresceu durante todo o inverno, não só na América como na Europa, e transformou-se num tsunami que rendeu oito Óscares na noite mágica de Hollywood: melhor filme, melhor realizador, melhor argumento adaptado, melhor edição, melhor fotografia, melhor banda sonora, melhor mistura de som e melhor canção original.
Tal como na vida, também no cinema nem sempre as cartas estão marcadas e, por vezes, há momentos e circunstâncias que transformam por completo a vida duma pessoa ou dum filme.
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