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domingo, 27 de julho de 2014

LE TOUR DE FRANCE


Terminou, hoje, no Champs-Élysées, Em Paris, a centésima primeira edição do Tour de France. A volta a França é talvez o maior e prestigiado evento desportivo francês, mas nos últimos anos tem vivido um período negro, por causa dos constantes casos de doping que envolveram alguns dos vencedores da prova, nomeadamente o norte-americano  Lance Armstrong.
                O tour nasceu em 1903, por inciativa do jornal francês L’Auto, que passava uma crise de vendas e lançou esta prova de ciclismo com o objetivo de aumentar as suas tiragens. O líder da prova anda vestido com uma camisola amarela, pois essa era a cor das páginas do jornal.
                O tour começou por ser uma prova destinada a ciclistas franceses, mas a pouco e pouco foi acolhendo ciclistas doutros países, ganhando fama e tornando os seus vencedores verdadeiros heróis nacionais. Devido à sua exigência e dificuldade, os melhores ciclistas mundiais projetavam a sua melhor forma física para os 23 dias em que a prova decorre, sempre no mês de Julho. São cerca de 3500 km, percorrendo as principais cidades franceses, entre planícies, planaltos e as altas montanhas dos pirinéus e dos alpes, para terminar no centro da capital francesa nos míticos Champs-Elysées.  
                A história do Tour é também a história dos seus heróis, ou seja, os seus mais consagrados vencedores. Jacques Anquetil (França), Bernard Hinault (França), Edy Merckx (Bélgica) e Miguel Indurain (Espanha) venceram a prova cinco vezes e são os maiores vencedores de sempre. Até há pouco mais de um ano, o norte-americano Lance Armstrong detinha o record de vitórias na volta à França com sete vitórias consecutivas, entre 1999 e 2005, mas estes títulos foram-lhe retirados depois duma longa investigação e posterior condenação por uso de doping.


O uso de doping sempre foi o grande problema do ciclismo, mas nas últimas duas décadas têm-se multiplicado os casos, envolvendo os melhores ciclistas mundiais. Depois do caso de Lance Armstrong muitas suspeitas se têm lançado sobre os vencedores das principais provas de ciclismo mundial e muitos fãs desta modalidade desportiva afastaram-se, desgostosos com os pés de barros dos seus “deuses” que voavam até ao col du tourmalet.
                Depois de completar a sua centésima edição, vivendo a maior crise de honorabilidade de sempre, o Tour inicia o seu segundo centenário de existência tentando recuperar credibilidade. Talvez não interesse tanto fazer surgir novos heróis, como Armstrong, Hinault, Marcks ou Lemond, mas fazer acreditar os milhões de fãs do ciclismo na Europa e na América que o ciclismo é um desporto limpo, onde triunfa o mais forte e dotado, aquele que merece inscrever o seu nome no livro sagrado do Tour.




                Nunca um português triunfou na maior prova velocipédica mundial. O melhor resultado de sempre foi conseguido por Joaquim Agostinho, essa força bruta da natureza, em 1978 e em 1979, com dois terceiros-lugares. Atualmente, o maior ídolo do ciclismo português é o campeão do mundo de estrada, Rui Costa. Infelizmente ainda não foi este ano que conseguiu uma classificação honrosa e acabou por desistir.
                Hoje, em Paris, triunfou um desconhecido, o italiano Vicenzo Nibali. Talvez o Tour precise destes heróis involuntários e passageiros, que daqui por um ano se afundem novamente no anonimato, para voltar a ser a prova que seduziu tantos milhões de pessoas em toda a europa.

Gabriel Vilas Boas

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