"A felicidade, em pessoas inteligentes, é das coisas mais raras que conheço."
Ernest Hemingway
Passam 53 anos desde que desapareceu Ernest Hemingway, um dos maiores escritores norte-americanos de sempre e um dos mais significativos do século XX. As circunstâncias que envolveram a sua morte (suicídio) não são as mais felizes, no entanto a vida deste americano que simpatizava com o comunismo é tão cheia e brilhante que facilmente a podemos classificar como fabulosa.
Hemingway não viveu durante muito tempo, mas todo o tempo que passou pelo mundo foi sorvido como uma intensidade que se aproximou sempre do limite. Aliás, Hemingway não sabia fazer nada que não fosse de maneira apaixonada e absoluta. Escreveu com um talento e um fulgor invulgares, fez questão de estar presente nos conflitos bélicos que marcaram o século XX, foi repórter de guerra, amou várias mulheres e casou com quatro, ofereceu-se para espião americano em Cuba contra fascistas e nazis, simpatizou com os comunistas, terminou com a própria vida quando viver se tornou um tédio insuportável.
Podemos mergulhar na vida deste americano seguindo vários ângulos: os livros, as mulheres, as guerras mundiais, o jornalismo, os locais por onde passou. Tudo foi impressionante na sua vida.
No campo da literatura, Hemingway atinge o Olimpo em 1954 quando ganha o Nobel da Literatura "pela mestria da sua arte narrativa, demonstrada em O Velho e O Mar, e pela influência que exerceu no estilo contemporâneo." Para além deste romance, o escritor nascido no estado do Illinois assinou “Por quem os sinos dobram” (fruto da sua marcante experiência enquanto repórter, durante a Guerra Civil espanhola), “O Adeus às Armas” e “O Jardim do Éden”. O romance foi o seu género de eleição embora também tenha publicado contos e pequenas histórias.
As mulheres são outro eixo fundamental da vida de Hemingway. Casou com quatro: Elizabeth Hadley Richardson, a jornalista de moda Pauline Pfeiffer, a destemida repórter Martha Gellhorn e, finalmente, a pacífica - também jornalista - Mary Welsh. Pelo meio, há ainda a registar alguns casos amorosos, uns mais tórridos que outros. Razão tinha o seu amigo Scott Fitzgerald quando lhe disse: “você precisa duma mulher para cada livro”. Não era bem o caso, mas quase…
Hemingway e Gelhorn
Hemingway amava a adrenalina dos grandes acontecimentos. Tinha que estar presente, vivê-los e depois contá-los. Alistou-se no exército americano para estar presente na I Guerra Mundial, mas um problema de saúde afastou-o. Não se deu por vencido e conseguiu chegar ao teatro de operações como… motorista duma ambulância da Cruz Vermelha. Quando a Guerra Civil espanhola eclode, ele faz questão de a cobrir como repórter de guerra. É desse tempo a sua relação com a excitante Martha Gelhorn que trazia à sua vida afetiva uma animação digna de nota. Durante a II Guerra Mundial monta, em Cuba, uma rede de espiões com o objetivo de munir os Aliados de informações sobre os fascistas europeus.
Além da literatura, Hemingway amava o jornalismo. Escrever histórias reais, que interessavam ao quotidiano dos seus contemporâneo empolgava-o muito. Tirou o curso de jornalismo e exerceu a profissão durante praticamente toda a sua vida. Premiando a sua categoria enquanto repórter mas também o seu indisfarçável talento literário, ganhou em 1953 o Prémio Pulitzer, o mais conceituado galardão norte-americano que premeia trabalhos nas áreas do jornalismo, literatura e música.
Hemingway e Fidel Castro
Falar de Hemingway sem falar de Havana (Cuba) e Pamplona (Espanha) é um lapso que não se pode cometer. Na cidade espanhola aprendeu a gostar de touradas e a entender os castelhanos, com quem estabeleceu uma relação afetiva e ideológica, pois aí afirmou a sua simpatia pelo republicanismo de esquerda. Cuba desperta-lhe a paixão pelo mar, pelos amigos, pelo rum e inspira-o a escrever “O Velho e Mar”.
Quando decidiu terminar com a sua vida, Hemingway não era velho, mas já tinha vivido muito.
Gabriel Vilas Boas
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