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sexta-feira, 4 de julho de 2014

CASAS QUE MARCAM A ARQUITETURA DO SÉCULO XX (IV) - Casa Cascata

Na continuação da temática sobre casas que considero mais importantes do séc. XX, escolhi para análise a casa da cascata, que para mim tem particular interesse.


 









 Fallingwater, de 1935-39, da autoria de Frank Lloyd Wright, na Pensilvânia (E.UA.) 
A Casa da Cascata, projetada por Frank Lloyd Wright (1869-1959), sobre uma queda de água do rio Bear Run, é um dos maiores ícones das teorias de Wright sobre a Arquitetura Orgânica, que defendia ser a mais apropriada para o tempo, o lugar e o homem. A Arquitetura Orgânica, ou Organicista ou ainda Organicismo foi uma vertente da arquitetura moderna influenciada pelas ideias de Wright, que acreditava que uma casa deve nascer para atender às necessidades das pessoas como um organismo vivo, em perfeita integração com a natureza. Nesta casa de férias, podemos ver como o declive do terreno é aproveitado completamente. O edifício está assente sobre rochas que estão lá desde sempre e, além disso, a construção não se sobrepõe à paisagem, mas é visualizada no contexto da envolvente, onde a vegetação foi removida criteriosamente e o menos possível.
Nas suas construções, Wright utilizava um “sistema de unidades”, criado pelo próprio, em que “as dimensões e situação dos diversos elementos definidores de espaço (painéis, vidraças, pilares, tetos e chaminés)” eram determinadas em função desse sistema. No caso da Fallingwater, alem deste sistema, foi igualmente aplicada a supressão das esquinas, que “eliminam visualmente o ângulo reto neste ponto”, conseguindo uma desmaterialização do volume, uma maior profundidade e variedade de vistas do espaço e portanto uma continuidade visual.

Vistas exteriores da Casa da Cascata

A Casa da Cascata, projetada a partir de uma planta cruciforme, desenvolve-se em três pisos, assentando numa placa de betão armado sobre as rochas por cima da cascata. Os terraços e varandas suspensas desenvolvem-se também como uma cascata, estes elementos horizontais em betão contrapõem-se aos elementos verticais em pedra, produzindo um equilíbrio na composição volumétrica do edifício.
Frank Lloyd Wright foi influenciado pela arquitetura japonesa, o que está patente nos espaços interiores fluidos, nas paredes “biombo”, nos terraços sobrepostos e nos telhados baixos e longos.
Wright também usou o “passeio arquitetónico”, onde o percurso não se faz em linha reta, mas vai progredindo, obrigando a desvios para conseguir a descoberta progressiva da envolvente, criando espaços intermédios onde o interior se prolonga até ao exterior entre a arquitetura e a natureza, através das fachadas totalmente envidraçadas. A procura da integração total com a natureza é notória nos materiais usados que aliam o betão armado e a pedra aparente nas paredes remetendo para as rochas em que a casa assenta. Há uma leveza obtida pelos materiais e pelas formas puras: a casa parece flutuar sobre a cascata.

 Vistas do interior da Casa da Cascata

Na organização do espaço, o arquiteto desenhou o rés-do-chão contendo as zonas comuns nomeadamente a sala de estar com a chaminé, que é a parte central da casa e foi construída ao lado da rocha, ela mesma fazendo parte da sala. Nos pisos superiores ficam os quartos e quartos de banho.
 






Plantas das Casa Cascata


A obra de Frank Lloyd Wright é um legado para a arquitetura, não só pelas teorias sobre a Arquitetura Orgânica, mas também pela introdução de novas técnicas e métodos, pela elegância e serenidade das suas obras, pela valorização dos materiais tradicionais e da região, pelo uso de novos materiais, pelo desenho, muitas vezes inovador e arrojado, e, sobretudo, pela defesa da natureza e da integração dos edifícios no ambiente. Fallingwater é o expoente máximo de tudo isto e por tal é um museu desde 1964. 
Teresa Beyer



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