Na continuação da temática sobre casas que
considero mais importantes do séc. XX, escolhi para análise a casa da cascata,
que para mim tem particular interesse.
Fallingwater, de 1935-39, da autoria
de Frank Lloyd Wright, na Pensilvânia (E.UA.)
A Casa da Cascata, projetada por Frank
Lloyd Wright (1869-1959), sobre uma queda de água do rio Bear Run, é um dos
maiores ícones das teorias de Wright sobre a Arquitetura Orgânica, que
defendia ser a mais apropriada para o tempo, o lugar e o homem. A Arquitetura
Orgânica, ou Organicista ou ainda Organicismo foi uma vertente da arquitetura
moderna influenciada pelas ideias de Wright, que acreditava que uma casa deve
nascer para atender às necessidades das pessoas como um organismo vivo, em perfeita integração com a natureza. Nesta casa de férias, podemos ver como o
declive do terreno é aproveitado completamente. O edifício está assente sobre
rochas que estão lá desde sempre e, além disso, a construção não se sobrepõe à
paisagem, mas é visualizada no contexto da envolvente, onde a vegetação foi
removida criteriosamente e o menos possível.
Nas suas construções, Wright utilizava um
“sistema de unidades”, criado pelo próprio, em que “as dimensões e situação dos
diversos elementos definidores de espaço (painéis, vidraças, pilares, tetos e
chaminés)” eram determinadas em função desse sistema. No caso da Fallingwater,
alem deste sistema, foi igualmente aplicada a supressão das esquinas, que
“eliminam visualmente o ângulo reto neste ponto”, conseguindo uma
desmaterialização do volume, uma maior profundidade e variedade de vistas do
espaço e portanto uma continuidade visual.
Vistas
exteriores da Casa da Cascata
A Casa da Cascata, projetada a partir de
uma planta cruciforme, desenvolve-se em três pisos, assentando numa placa de
betão armado sobre as rochas por cima da cascata. Os terraços e varandas suspensas
desenvolvem-se também como uma cascata, estes elementos horizontais em betão contrapõem-se
aos elementos verticais em pedra, produzindo um equilíbrio na composição
volumétrica do edifício.
Frank Lloyd Wright foi influenciado pela
arquitetura japonesa, o que está patente nos espaços interiores fluidos, nas
paredes “biombo”, nos terraços sobrepostos e nos telhados baixos e longos.
Wright também usou o “passeio arquitetónico”, onde o percurso não se faz em linha reta, mas vai progredindo, obrigando a
desvios para conseguir a descoberta progressiva da envolvente, criando espaços
intermédios onde o interior se prolonga até ao exterior entre a arquitetura e
a natureza, através das fachadas totalmente envidraçadas. A procura da
integração total com a natureza é notória nos materiais usados que aliam o
betão armado e a pedra aparente nas paredes remetendo para as rochas em que a
casa assenta. Há uma leveza obtida pelos materiais e pelas formas puras: a casa
parece flutuar sobre a cascata.
Na organização do espaço, o arquiteto
desenhou o rés-do-chão contendo as zonas comuns nomeadamente a sala de estar
com a chaminé, que é a parte central da casa e foi construída ao lado da rocha,
ela mesma fazendo parte da sala. Nos pisos superiores ficam os quartos e
quartos de banho.
Plantas das Casa Cascata
A obra de Frank Lloyd Wright é um legado
para a arquitetura, não só pelas teorias sobre a Arquitetura Orgânica, mas
também pela introdução de novas técnicas e métodos, pela elegância e serenidade
das suas obras, pela valorização dos materiais tradicionais e da região, pelo
uso de novos materiais, pelo desenho, muitas vezes inovador e arrojado, e, sobretudo, pela defesa da natureza e da integração dos edifícios no ambiente.
Fallingwater é o expoente máximo de tudo isto e por tal é um museu desde 1964.
Teresa Beyer
A excelente arquitectura permanece apesar da passagem do tempo.
ResponderEliminar