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quarta-feira, 9 de julho de 2014

FELICITACIONES, ARGENTINA

Hoje é um dia muito especial para os argentinos: passam 198 anos que declararam a sua independência de Espanha, após três séculos de domínio castelhano.
A grande força da Argentina são os argentinos. Eles transportam em si toda a magia e encanto da Tierra de la Plata. Os argentinos são paixão de viver! Há neles uma grande ilusion e muchas ganas de vivir.
Essa alegria confiante com que encaram a vida não está apenas patente no brilho do olhar, mas também na intensidade das palavras, na irreverência das ações, no romantismo das posições ideológicas e políticas, na beleza artística com que os seus heróis se expressam.
Seduz-me a intensidade e a paixão com que vivem. Neles existe o romantismo revolucionário e selvagem de Che Guevara, que lutou como touro indómito contra a opressão capitalista e se desiludiu com a prisão do comunismo ortodoxo, pois a sua fidelidade era com os oprimidos e subjugados, fossem eles argentinos, colombianos ou cubanos.


À irreverência d’El Comandante, Maradona juntou um talento divino e cumpriu o sonho de qualquer miúdo dum bairro de Buenos Aires: driblar meia equipa adversária e marcar aquele golo que vale um campeonato do mundo e vinga todo um povo, como aconteceu em 1986 contra a Inglaterra.    
O virtuosismo e o romantismo são marcas do ADN argentino. Eles estão num tango de Gardel ou numa qualquer composição de Piazzolla, como Libertango ou Por una Cabeza, onde se fundem tango, jazz e música clássica com o inconfundível ritmo portenho.
Os argentinos jamais serão de se ficar ou de se lamentar. Sabem encaixar os revezes da fortuna, chamem-se eles ocupação espanhola, ditadura militar ou crise económica, e acabam sempre por dar o troco. Não ambicionam ser ricos ou poderosos, mas exigem VIVER, com paixão, com arte, com romantismo.
Incomodam-lhes as desigualdades sociais, por isso Evita Péron era adorada pelo povo, apesar de ter sido o seu marido o Presidente.
O povo de Evita é também o povo desse mito do automobilismo mundial, Juan Manuel Fangio, o maestro da condução que ensinou que para terminar em primeiro, primeiro é preciso terminar.
Enquanto Fangio acelerava nas pistas, Gardel seduzia e Evita conquistava o coração do povo, José Luís Borges pintava eruditos quadros de palavras, onde o universalismo das suas ideias e a originalidade das suas intrigas, combinavam na perfeição com a poesia dos seus vocábulos. A seu lado, sentava-se Quino para desenhar a divertida e inteligente Mafalda com que milhões de pessoas trocam duas ideias à mesa dum café num qualquer virar de página dum periódico.
Borges ou Quino, Evita ou Che, Fangio ou Maradona, Gardel ou Piazzola  - em todos eles há uma inclinação natural para o maravilhoso e único. Herói é uma palavra que se escreve em argentino.
Neste dia em que celebra a sua independência, Messi comprou o presente e eu envio o meu cartão: FELICITACIONES, ARGENTINA.
Gabriel Vilas Boas 

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