É certo que Giuseppe Tornatore sempre afirmou que o seu Cinema Paraíso (Nuovo Cinema Paradiso, 1988) não era um filme autobiográfico, mas vendo o filme depois de conhecer a biografia do realizador é difícil acreditar na veracidade de tal afirmação.
Lançado a 17 de novembro de 1988, Cinema Paraíso começou por ser um quase fiasco de bilheteira, mas depois de ganhar a Palma de Ouro em Cannes (1989), o Globo de Ouro para melhor filme estrangeiro (1990) e o Óscar de melhor filme estrangeiro (1990), o público do cinema percebeu que estava perante uma pepita de ouro da História do Cinema.
Ainda que algumas vozes o considerem muito sentimental, a maioria pensa como eu: estamos perante uma das melhores películas de todos os tempos, uma das mais conseguidas homenagens do cinema a si próprio.
Filmado na terra natal de Tornatore (Bagheria, arredores de Palermo, na Sicília), o filme conta, através de constantes flashbacks, a evolução de uma sala de cinema (O Cinema Paraíso) e a amizade entre um projetista de filmes e uma criança que lhe serve de assistente. Essa criança é interpretada por Salvator Cascio que assina uma magnífica interpretação com apenas oito anos.
O filme reporta-se a uma época anterior à da televisão, altura em que o cinema era a única distração daquela população siciliana. Entretanto, a história evolui e o jovem Salvatore dedica-se ao cinema e à fotografia quando chega à adolescência e a realizador de televisão quando atinge a idade adulta.
Ora, foi esse o percurso do próprio Tornatore. Giuseppe foi um fotógrafo talentoso ainda adolescente e tornou-se realizador profissional de televisão aos 23 anos!
Ainda não tinha trinta anos, já Tornatore se estreava no mundo do cinema com Il Camorrista (1985). Com o argumento de Cinema Paraíso na mão, o jovem realizador italiano convence o produtor Cristaldi a investir na produção do “seu” filme. Tornatore teve dificuldade em escolher quem daria corpo ao jovem Salvatore/Toto, pois queria uma criança pequena e magra para criar um contraste forte com a figura imponente de Philippe Noiret [Alfredo, o projecionista] mas a escolha revelou-se muito acertada.
Hoje, Salvator Cascio é o dono dum restaurante em Chiusa Sclafani, a 80 quilómetros de Palermo. Chama-se Sabores do Óscar. O local foi projetado para lembrar a sua experiência cinematográfica. Nele podemos observar vários elementos que lembram o filme "Cinema Paraíso", bem como os prémios, todos expostos na sala.
Parece impossível de acreditar, mas Tornatore só precisou de quatro semanas para rodar "Cinema Paraíso”. Talvez porque ele brotasse do mais profundo do seu coração e da sua alma…
Cinema Paraíso foi apresentado, na versão original, com 155 minutos, no entanto, a versão definitiva teria cerca de menos meia hora, pois o abade-censor resolveu roubar aos espectadores todas as cenas do Cinema Paraíso que incluíssem beijos!
No final, o realizador monta com uma ternura comovente todos os bocados de fita gerados pela tesoura do censor da aldeia e “monta” uma das mais belas sequências da história do cinema, que a sublime banda sonora, assinada por Ennio Morricone, torna ainda mais bela e comovente.
Gabriel Vilas Boas
Um filme perfeito,a todos os níveis!A música então...(modéstia a`parte),saiu-me mesmo bem,no piano,que a toco às vezes,quando estou sozinha e um pouco nostálgica.
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