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quinta-feira, 24 de julho de 2014

NUNO ÁLVARES PEREIRA


Neste dia do ano, mas em 1360, nascia em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã uma das mais conhecidas figuras da História de Portugal: NUNO ÁLVARES PEREIRA.
O seu nome ficará para sempre ligado à História do nosso país pela genialidade militar demonstrada na Batalha de Aljubarrota, em 14 de agosto de 1385, momento chave de afirmação da independência definitiva face a Castela.   
A relevância histórica da figura do Condestável ultrapassou e muito o seu tempo, porque ele ia muito para além do estratega militar ímpar. Nuno Álvares Pereira reunia características psicológicas e de carácter tão invulgares e raras na nossa história coletiva que o tornaram herói até aos nossos dias. Ele seria o rei perfeito, o estadista que o país poderia ter tido depois de D. Dinis, mas a sua condição de bastardo e a sua pouca ambição política aliada à lealdade ao seu amigo de sempre – o mestre de Avis, ou seja, o rei D. João I, inviabilizaram esse encontro feliz entre um povo e uma figura extraordinária para o dirigir.
Nuno Álvares Pereira sofria de patriotismo congénito. A essa doença juntava uma valentia guerreira e uma clarividência fora do comum para comandar o exército português, que Portugal não conhecia desde de D. Afonso Henriques. Tudo isso ficou evidente no momento que o imortalizaria para sempre: a vitória sobre o exército castelhano em Aljubarrota.


Outra característica muito vincada na personalidade de Nuno Álvares Pereira é a sua extrema religiosidade. No final da sua vida, tornou-se frade no Convento do Carmo (que ele próprio tinha mandado construir como cumprimento dum voto). Demorou quase 500 anos, mas a Igreja Portuguesa não descansou enquanto não o beatificou. Isso aconteceu em janeiro de 1918. A canonização chegou apenas 90 anos mais tarde, também por um papa Bento, neste caso o Papa Bento XVI, a 26 de abril de 2009.
Esta tendência de Nuno Álvares Pereira para a vida religiosa notou-se desde muito cedo, pois persistia em manter-se virgem e teve de ser o seu pai a forçar o casamento com Dona Leonor Alvim, com quem teve três filhos. Infelizmente só a rapariga chegou à idade adulta.
Essa propensão de Nuno Álvares Pereira para a santidade (opinião que não deve ser partilhada pelos castelhanos da época…) encontra confirmação na conduta moral e cívica do Condestável. Ao contrário de seu pai e do seu grande amigo, o rei D. João I, não há notícias de deslizes matrimoniais e por isso os seus filhos são naturais e legítimos. A isto acrescentava o desprendimento material, ainda que tenha acautelado muito bem o futuro da sua família e dos amigos.

             Gozando de grande amizade, do reconhecimento do seu patriotismo e da  lealdade ao rei foram-lhe dadas terras e bens em tal número que não era exagerado o título de “dono de metade de Portugal”. É certo que repartiu muito com os seus camaradas, que procurou mimar a sua filha com muitos bens, que doou imenso à Igreja, mas também é certo que não recusou nem títulos nem terras nem bens.
Casou a sua filha com o filho bastardo do rei D. João I e dali nasceria a Casa de Bragança, com um poder que se estendeu até ao fim da monarquia, já em pleno século XX.
Passaram mais de 650 anos do nascimento de Nuno Álvares Pereira, mas Portugal não produziu, entretanto, uma dúzia de homens como ele: patriotas, destemidos, determinados, bondosos e com uma inteligência fora do comum. Gostava que ele tivesse sido mais fonte de inspiração de que ícone de admiração…
GAVB 

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