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quinta-feira, 10 de julho de 2014

O GRITO, de Munch

   
     O quadro “O Grito” (1893) do norueguês Edvard Munch é a melhor maneira da pintura exprimir a angústia, o desespero, a dor, a ansiedade, a culpa do ser humano.
   Munch é o pintor da angústia do homem moderno, da solidão que este sente nas cidades, do amor fracassado e da morte. A sua vida pessoal, marcada por acontecimentos muito negativos e traumatizantes (morte da mãe e irmã internada, num sanatório, vítimas de tuberculose), tornou-se inspiração involuntária do norueguês.
   O quadro, cujo original se encontra na Galeria Nacional de Oslo, é um belo exemplo da corrente expressionista. Utilizando a técnica do óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão, Munch pinta a dor e o desespero duma figura humana sobre uma ponte, em tons frios de azul, tendo como pano de fundo o contraste entre as cores quentes do céu e as cores frias do horizonte. A ausência de cabelo na figura humana sugere já uma saúde debilitada, enquanto as impressionantes linhas tortas com que Munch desenha a figura humana em destaque reproduzem a força angustiada do berro que brota da alma e se propaga como ondas sonoras ensurdecedoras.
Auto retrato com cigarro, 1895
    A primeira vez que Munch apresentou o “Grito” em público foi em 1903 (dez anos após a sua realização), inserido num conjunto de seis quadros que pretendia retratar as diferentes fases dum caso amoroso, em que o “Grito (último da série) representaria o sofrimento extremo perante a rutura traumática.
    As primeiras críticas ao mais famoso quadro deste pintor nórdico não foram nada favoráveis, chegando um crítico a desaconselhá-lo a mulheres grávidas e outro a catalogá-lo como arte demencial. No entanto, as opiniões mudaram radicalmente e o “Grito" tornou-se num ícone cultural do século XX, a que mesmo os mais distraídos da pintura não são alheios. 
    Em 1961, a conceituada revista “Times” fez capa com o quadro de Munch, identificando-o como a melhor expressão pictórica da culpa e da ansiedade.
   O conceituado artista americano Andy Warhol fará uma reinterpretação do quadro que Munch pintou e a popular série americana “Os Simpsons” faz referência aos rocambolescos furtos de que o quadro foi alvo.

Galeria Nacional de Oslo
    Além do original (que está na Galeria Nacional de Oslo, capital da Noruega), Munch pintou mais três versões deste quadro. A segunda, em têmpera sobre cartão, está no Museu de Munch, no seu país natal, mas foi furtado em 2004 e recuperado em 2006 com danos irreparáveis. A terceira versão também pertence ao mesmo museu. A quarta versão pertencia a Petter Olsen (filho do amigo e patrono de Munch) que em maio de 2012 o vendeu, em leilão, ao americano Leon Black, por 120 milhões de dólares, ou seja, cerca de 91 milhões de euros.
    Felizmente, qualquer um de nós pode admirar o original ou uma das versões feitas pelo autor, visitando o museu de Munch ou a Galeria Nacional de Oslo.

Gabriel Vilas Boas.  


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