DIA DE
PORTUGAL
E se
Portugal estivesse para acabar? Como reagiríamos? O que, verdadeiramente,
poderíamos fazer? Afinal, que sentimentos nos unem a Portugal?
Por
vezes, penso que grande parte de nós reagiria com a habitual resignação, que Guterres
tão bem caracterizou: “É a vida!” Haveria também aqueles que fariam contas aos
seus proventos pessoais: “Ai sim?! Se
calhar é o melhor… E quem nos comprou?”
Mas a
verdade é que também existiriam alguns milhões que sofreriam imenso. Uma dor
profunda e lancinante de se perderem de si e na perda reconhecerem o grande
amor de toda a vida.
É
provável que houvesse também um punhado de heróis anónimos que lutassem
loucamente por impedir o fim. Talvez não fosse o suficiente, talvez fosse
apenas comovedor…
Muitas
vezes, pressinto o quanto manietados estamos. As fronteiras parecem apenas uma
linha no mapa, num tempo em que, descaradamente, se oferece a nacionalidade
portuguesa no mercado negro a quem tenha uns dólares ou euros para a comprar.
As empresas que habitam o nosso território já não são nossas, apesar do nome,
apesar dos trabalhadores…
É tão
triste ver como os nossos endeusados empresários criaram tantos prejuízos nas
empresas que herdaram dos pais, que, agora, as tentam empurrar/vender para as
mãos angolanas de Isabel dos Santos ou para os comunistas mais capitalistas do
planeta – os chineses – para fazer mais uns milhões que torrarão em Nova
Iorque, Londres ou Paris, sem pudor algum.
Esses
não amam Portugal. Não amam as gentes do Douro, do Ribatejo ou do Alentejo,
dispensam a nossa língua e preferem o inglês; acham um horror fazer férias em
Portugal e nunca valorizam os nossos rios, o nosso solo, os nossos costumes.
Tenho
muita pena que não entendam o orgulho de ser português, plasmado nas canções de
Mariza ou nos versos de Camões, nas fábricas centenárias que resistiram a todas
as crises e mudanças, na língua falada por duzentos milhões de pessoas, na
saudade dos emigrantes, na tristeza daqueles que partem… tenho muita pena,
porque, infelizmente, são eles que têm o dinheiro e o poder. E eles não o sabem
usar porque não nos amam!
Portugal
não vai acabar! Ainda que agora apenas pareça mais um invólucro sem conteúdo,
vamos resistir como sempre resistimos. Acredito muito nas novas gerações. Talvez
porque nunca viveram o mito do “estrangeiro é que é bom”, eles amarão
genuinamente o que é nosso e voltarão a encher o invólucro, resgatando o país
dos seus avós, que um dia os pais puseram no prego!
Gabriel
Vilas Boas
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