Johannes Vermeer é um
famoso pintor holandês do século XVII. Não são muitos os dados que
dispomos sobre a vida do famoso autor de “Rapariga com Brinco de Pérola”.
Sabemos que ingressou no Grémio de São Lucas de Delft ainda antes de fazer
vinte anos. Pintava à razão de dois quadros por ano e por isso a obra deste
pintor que chegou até nós é apenas composta por 34 telas, muitas delas estão em
mãos de particulares.
As suas obras
representam interiores domésticos holandeses, protagonizados sobretudo por
mulheres a trabalhar, a ler ou a tocar um instrumento.
O seu domínio da
pintura a óleo dotou as suas composições de um ambiente leve e atemporal que o
diferencia de outros autores do género, como é o caso do seu contemporâneo
Pieter de Hooch.
Uma das obras de
Vermeer que o Museu de Rijks de Amesterdão mais se orgulha de possuir é a CRIADA DE COZINHA,
propriedade do museu há mais de um século e adquirida com a ajuda da Sociedade
de Rembrandt.
Este quadro é um dos
mais célebres deste artista. Em 1719, o quadro ficou conhecido como “A famosa
leiteira de Vermeer van Delft, artística”, pois o seu preço, nesse ano, atingiu
importantes 175 florins, um valor muito elevado para a época.
Há outros autores, como
Gerard Dou ou Nicolas Naes, que também abordam o tema das criadas nas suas
pinturas, mas fazem-no com uma mordacidade ausente das composições de Vermeer.
O pintor holandês, à semelhança de Pieter de Hooch, gosta de composições mais
delicadas.
Nesta tela pode ver-se
a criada deitar o leite de um jarro para uma grande tijela de barro de duas
asas, de uma forma muito asseada. A criada, vestida com o seu vestido de
trabalho, com uma touca, está a olhar para baixo completamente concentrada na
sua tarefa, sem que nada a distraia.
A sala é de uma simplicidade
acolhedora, estando todos os elementos relacionados com as tarefas da criada:
na mesa está um pequeno pano azul que condiz com a saia da criada. Junto à
tijela está um jarro de porcelana branca e azul, típico de Delft, que contrasta
com a rusticidade dos restantes objetos, como a cesta de vime que está
pendurada numa das paredes da divisão.
É interessante observar
como Vermeer utilizava aquelas que seriam as suas cores preferidas: o azul e o
amarelo nas suas diversas variações, alcançando a sua expressão máxima no já
citado “Rapariga com Brinco de Pérola”.
Nesta composição do
pintor holandês cabe salientar três pormenores. Junto à cesta de vime pendurada
na parede, vê-se uma tijela dourada que, apresenta brilhos intensos, acentuando a capacidade de Vermeer para a recriação de qualquer elemento.
Por outro lado, o jorro
de leite, vertendo para dentro da tijela de barro, é notável, pois possui uma
espessura e textura quase táteis. Naquela época, o leite possuía conotações
religiosas, sendo reconhecido como um alimento “puro”, na Bíblia.
Por último, a cesta, que
se encontra sobre a mesa, e os pães, que estão espalhados sobre a mesma, têm um
grande realismo, podendo o espetador ver as tranças da cesta, assim como as
diversas texturas do pão. Este também possui alusões de caráter espiritual,
pois Cristo chamou a si próprio “o Pão da Vida”.
Sem comentários:
Enviar um comentário