Ao
longo dos tempos, a Natureza tem revelado grande capacidade de resiliência e de
paciência com o ser humano. Agredida das mais variadas formas, amputada de
vários filhos queridos, a natureza continua a proporcionar ao Homem
oportunidades de reconciliação. Infelizmente o ser humano tem recusado a maior
dessas possibilidades, continuando a desfigurar a mãe da vida.
O
egoísmo, essa célula cancerígena dos tempos modernos, define também a relação
do Homem com o meio ambiente. Grande parte das intervenções do ser humano nas
florestas, nos rios, nas praias, nas cidades ou nas zonas industriais visam a
satisfação imediata e fácil dos seus desejos e manias, em prejuízo do elemento
natural.
O mais
estúpido é que, em muitos casos, esses desejos ou manias seriam também
alcançados sem ferir mortalmente o ambiente, se houvesse paciência,
racionalidade, um pouco mais de investimento.
Desgraçadamente,
chegamos ao início do século XXI numa situação de pré-rutura ambiental, em que
começamos já a pagar a fatura de toda a ingratidão, egoísmo e estupidez do
último século e meio. Somos forçados a intervenções de recurso, mas continua
por tratar o problema de base: a educação ambiental.
Alguns
passos foram dados na última década, mas são claramente insuficientes. Foi
positivo que os portugueses se tenham habituado a reciclar; constituiu um êxito
a retirada do fumo do tabaco dos restaurantes, cafés e demais espaços fechados;
os rios já não sofrem o ataque pesticida doutras décadas.
No
entanto, as matas continuam por limpar e os assassinos profissionais das
florestas fazem questão de nos lembrar isso de junho a setembro; o mar continua
a deglutir dunas; há fábricas que pintam o céu de cinzento carregado e
fedorento.
Dizem
alguns industriais que Portugal ainda tem quota para poluir mais. É uma ideia
idiota, perigosa e ignóbil. A indústria deve adotar o único paradigma que
interessa a país: qualquer atividade económica deve respeitar o ambiente.
Acho
que a educação ambiental começa no contacto com a natureza. Se proporcionarmos
às crianças e jovens esse contacto permanente com a natureza, eles vão aprender
a amá-la. E é muito mais fácil respeitar aquilo que amamos.
Quando
o tempo das decisões chegar, essa geração, que habitou os bosques na primavera
e no verão, estará mais consciente e preparada para tomar decisões verdes.
Por
outro lado, penso que a floresta e o mar têm um potencial económico imenso que
pode e deve ser aproveitado por pequenos e grandes empreendedores. Não é um
favor que fazemos ao ambiente, é um favor que fazemos à humanidade.
Gabriel
Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário