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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

NÃO QUERO CONTINUAR A MENTIR

Em direto, na rádio, sem antes avisar o presidente Macron, o ministro francês da Transição Ecológica, Nicolas Hulot, apresentou a demissão do cargo que ocupava.

«Sim, não estamos a fazer avanços no controlo dos pesticidas, na biodiversidade, na qualidade do solo.»

Decidiu fazê-lo sem avisar e em público, para que não houvesse hipóteses de novamente o dissuadir. 
"Se os tivesse avisado, iam tentar, novamente dissuadir-me!" - disse Holut.

Nicolas Holut assume, com frontalidade, a sua impotência para vencer aqueles que boicotam as urgentes reformas ambientais que a França precisa. E como o ambiente é mais importante que qualquer cargo, vaidade ou conveniência política o ministro francês decidiu sair, pois sempre pode surgir alguém que possa fazer algo de positivo, necessário e urgente.

Holut perdeu a batalha ambiental, mas manteve a dignidade pessoal, já que os seus parceiros do governo boicotaram a sua ação política.

Obviamente que as sociedades modernas não precisam de políticos que percam com dignidade e preferem as ações às demissões, no entanto quando a hipocrisia parece uma doença hereditária no meio político, é bom perceber que ainda há gente capaz de um pequeno sacrifício pessoal para que um bem coletivo maior não se perca. 
Ainda que a maioria dos políticos não se tenha dado conta, falar sempre verdade, em público, é o primeiro passo para uma ação política eficaz e produtiva.

GAVB 

sexta-feira, 23 de março de 2018

A ILHA DO LIXO PLÁSTICO JÁ PARECE UM CONTINENTE




Algures no Oceano Pacífico, entre o Havai e a Califórnia, os ambientalistas vão encontrando um cenário de horror que supera as suas expectativas mais catastróficas – uma gigantesca ilha de lixo, maioritariamente plástico está depositado no mar e ameaça seriamente a cadeia alimentar de várias espécies de peixes.
Os números obtidos são tão avassaladores que me coloco duas questões: como foi possível enviar tão plástico para o mar? que consequências sombrias ainda estão por apurar?

Se entendesse o lixo encontrado no Pacífico em terra ocuparíamos o equivalente a 18 vezes Portugal. Pensem em algo como Portugal, Espanha, França, Alemanha e Inglaterra completamente coberto de lixo plástico.
O que está a ser retirado do fundo do mar provém de países poderosos como os EUA e a China e devia revoltar-nos tanto como um qualquer atentado do ISIS ou uma violação de privacidade por parte do Facebook, ao serviço de uma qualquer estratégia de poder ou contrapoder.

O lixo encontrado até agora daria para encher é tanto que daria para encher 500 aviões Jumbo. Reparem que estamos a falar de pequenas peças de plástico, que podem ser amassadas, acomodadas, mas não deglutidas por peixe, nem desaparecem na água salgada. Para quem gosta de medidas radicais, ao bom estilo de Putin ou Trump, talvez não fosse despropositado enchermos alguns desses aviões e devolvermos alguma da matéria encontrada no Pacífico aos seus legítimos donos.
A verdade e a vergonha do lixo de plástico são como o azeite – vêm sempre à tona. Só que esta verdade é tão grande e tão nociva que até era bom que fosse mentira.
GAVB

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

OS ALEMÃES NÃO PERDEM A MACABRA MANIA DE TESTAR GASES EM HUMANOS


Na passada sexta-feira, o The New York Times escreveu que a Volkswagen, a Daimler (dona da Mercedes-Benz) e a BMW encomendaram um estudo que procurava saber se os gases libertados pelos escapes dos automóveis eram ou não cancerígenos. Segundo o jornal americano, os testes foram realizados em macacos, nos EUA, o que já de si é profundamente reprovável, mas o jornal alemão Stuttgarter Zeitung acrescenta, este domingo, que os testes também incidiram sobre humanos, o que aumenta a densidade macabra do infeliz estudo.
As marcas de automóveis alemãs já vieram dizer, em comunicado, que desconheciam em absoluto que esse estudo tivesse usado como cobaias macacos e muito menos seres humanos, mas a verdade é que o financiaram.
E se atendermos ao objetivo do estudo – verificar se os gases expelidos pelos escapes dos automóveis eram ou não cancerígenos – que outra coisa podiam esperar a BMW, a Daimler e a Volkswagen que não a experiência em humanos ou, por amostra aproximada, em macacos?
As marcas alemãs estão assustadas com a mudança de paradigma na indústria automóvel e já perceberam que o diesel tem os dias contados. Sentindo-se impreparadas para o embate, sobretudo com os chineses, japoneses e americanos, os alemães tinham a ténue esperança de provar que os gases que saem dos escapes automóveis não faziam assim tão mal. Tudo lhes correu mal e por isso esta nódoa de óleo vai ser difícil de esquecer.

O governo alemão já reagiu, verberando a iniciativa, mas o mal está feito. Se há povo que devia ter cuidado com a dimensão humana das suas experiências científicas, aplicadas à indústria, era o alemão, porque a memória coletiva do planeta ainda tem bem viva as câmaras de gás, onde pereceram mais de seis milhões de judeus, durante a segunda guerra mundial.
Numa altura em que os polacos estão furiosos com os israelitas por estes terem usado a expressão “campos de extermínio polacos”, acentuando e bem que esses campos apenas se situavam na Polónia, por esta estava ocupada pelos nazis, mas tal aberração história era alemã, três das maiores marcas alemãs de automóveis lembraram-nos que os alemães ainda não perceberam totalmente que há experiência que não se fazem, não se pensam, não se patrocinam.

GAVB   

terça-feira, 12 de setembro de 2017

VÄXJÖ - UMA CIDADE CHIC E ECOLÓGICA


As próximas eleições autárquicas e os últimos incêndios, em Portugal, fizeram-me pensar em Växjö, uma pequena cidade no sul da Suécia, que há mais de trinta anos segue, com sucesso, uma opção de vida ecológica.
A Câmara Municipal de Växjö definiu como grande prioridade política, económica e social a diminuição de emissões de dióxido de carbono. E passou das palavras aos atos.
Hoje, mais de metade da energia consumida pelos habitantes de Vaxjö é energia renovável.

Aproveitando o facto de 60% do território do município ser floresta, uma fábrica local transformou os dejetos florestais em biomassa, que deu origem a biocombustível usado para o aquecimento das casas de 90% das pessoas da cidade sueca, pois os preços praticados são muito atrativos. Se Växjö tivesse de usar petróleo para se aquecer durante o duro inverno teria lançado para a atmosfera mais de duzentas mil toneladas de CO2 por ano, assim lançou apenas sete mil toneladas – trinta vezes menos!
Paralelamente a Câmara Municipal incentivou a construção de casas de madeira, as quais usam matéria-prima produzida na região e têm um fraco consumo de energia, pois são muito bem isoladas e retêm o calor nelas produzido pelas atividades domésticas, como por exemplo cozinhar, de tal modo que raramente precisam de aquecimento convencional, apesar de no Inverno os termómetros chegarem os 20º negativos.

A edilidade intervém também ao nível da consciência social e nesse sentido instalou contadores de água personalizados em todos os apartamentos, de maneira a que cada habitante possa perceber de imediato o desperdício de recursos que cometeu.
Nas escolas com mais população estudantil instalaram-se painéis solares de modo a torná-las autossuficientes a nível energético ao mesmo tempo que as energias renováveis fazem parte do currículo obrigatório dos alunos (Ótima ideia para a flexibilização curricular portuguesa, onde 25% do currículo é decidido pela Escola…). Quando chegam à vida ativa, ao momento em que tomam decisões, os jovens de Växjö já estudaram, experimentaram e beneficiaram das vantagens económicas e ambientais das energias renováveis.
O próximo projeto de Växjö é produzir biocarburante em massa, de maneira a que o transporte na cidade se faça apenas com o recurso a biocombustível. Atualmente todos os carros da Câmara já o fazem!
Em Växjö a floresta não é um problema mas uma oportunidade para viver melhor e de uma maneira mais sustentada e saudável, além de criar emprego.

GAVB

domingo, 30 de abril de 2017

PAÍSES DE LIXO E PAÍSES DE LUXO


O mundo cresceu e desenvolveu-se ao som da dicotomia ricos/pobres. Povos, reis, presidentes quase sempre elegeram a riqueza material como objetivo primordial da sua ação. A revolução industrial (que uns fizeram, outros fingiram fazer e muitos nunca souberam o que isso é) cavou um fosso enorme entre os povos. Um século depois, os senhores do mundo perceberam que a sua riqueza se construiu fazendo muito lixo.

Primeiro foi apenas um lixo feio, à italiana, depois tornou-se um lixo tóxico e mortal. Tão nocivo que urgia exportá-lo, mas não eliminá-lo, porque todo o conceito de riqueza se baseava nele. Havia então que encontrar uns parvos que o recebessem, que o tentassem reciclar, eliminar ou… morrer com ele.
Os parvos são os países pobres, que são tão pobres de recursos como de bom senso, que aceitam o lixo dos países ricos a troco de uns ignóbeis milhões de euros. Arriscam a saúde dos seus cidadãos, do seu ar, dos seus rios, porque o dinheiro do lixo lhes parece bom.


Há dias, a minha filha mais nova perguntava-me: “Pai, por que andamos a reciclar o lixo dos outros países se isso é perigoso?” A única resposta honesta que me ocorreu foi: “porque somos pobres e inconscientes!”
No entanto, não era necessário sermos também pobres de espírito. Ao aceitarmos ser a lixeira do luxo, estamos, objetivamente, a contribuir para um planeta mais sujo e mais perigoso. Eles sabem que podem continuar a produzir lixo a seu belo prazer que haverá sempre um país de lixo para o receber.
Se os países do luxo fossem obrigados a ficar com o seu lixo, a recicla-lo, a arriscar a saúde dos seus cidadãos, certamente pensariam duas vezes antes de prosseguir uma política de expansão económica baseada na poluição.

Um país pobre pode ser pobre por diversas razões, mas só pode ser “de lixo” por uma: falta de respeito por si!
GAVB

sexta-feira, 5 de junho de 2015

DIA MUNDIAL DO AMBIENTE



Ao longo dos tempos, a Natureza tem revelado grande capacidade de resiliência e de paciência com o ser humano. Agredida das mais variadas formas, amputada de vários filhos queridos, a natureza continua a proporcionar ao Homem oportunidades de reconciliação. Infelizmente o ser humano tem recusado a maior dessas possibilidades, continuando a desfigurar a mãe da vida.
O egoísmo, essa célula cancerígena dos tempos modernos, define também a relação do Homem com o meio ambiente. Grande parte das intervenções do ser humano nas florestas, nos rios, nas praias, nas cidades ou nas zonas industriais visam a satisfação imediata e fácil dos seus desejos e manias, em prejuízo do elemento natural.
O mais estúpido é que, em muitos casos, esses desejos ou manias seriam também alcançados sem ferir mortalmente o ambiente, se houvesse paciência, racionalidade, um pouco mais de investimento.
Desgraçadamente, chegamos ao início do século XXI numa situação de pré-rutura ambiental, em que começamos já a pagar a fatura de toda a ingratidão, egoísmo e estupidez do último século e meio. Somos forçados a intervenções de recurso, mas continua por tratar o problema de base: a educação ambiental.

Alguns passos foram dados na última década, mas são claramente insuficientes. Foi positivo que os portugueses se tenham habituado a reciclar; constituiu um êxito a retirada do fumo do tabaco dos restaurantes, cafés e demais espaços fechados; os rios já não sofrem o ataque pesticida doutras décadas.
No entanto, as matas continuam por limpar e os assassinos profissionais das florestas fazem questão de nos lembrar isso de junho a setembro; o mar continua a deglutir dunas; há fábricas que pintam o céu de cinzento carregado e fedorento.
Dizem alguns industriais que Portugal ainda tem quota para poluir mais. É uma ideia idiota, perigosa e ignóbil. A indústria deve adotar o único paradigma que interessa a país: qualquer atividade económica deve respeitar o ambiente.

Acho que a educação ambiental começa no contacto com a natureza. Se proporcionarmos às crianças e jovens esse contacto permanente com a natureza, eles vão aprender a amá-la. E é muito mais fácil respeitar aquilo que amamos.
Quando o tempo das decisões chegar, essa geração, que habitou os bosques na primavera e no verão, estará mais consciente e preparada para tomar decisões verdes.
Por outro lado, penso que a floresta e o mar têm um potencial económico imenso que pode e deve ser aproveitado por pequenos e grandes empreendedores. Não é um favor que fazemos ao ambiente, é um favor que fazemos à humanidade.

Gabriel Vilas Boas