Na passada sexta-feira, o The New York Times escreveu que a
Volkswagen, a Daimler (dona da Mercedes-Benz) e a BMW encomendaram um estudo
que procurava saber se os gases libertados pelos escapes dos automóveis eram ou
não cancerígenos. Segundo o jornal americano, os testes foram realizados em macacos, nos
EUA, o que já de si é profundamente reprovável, mas o jornal alemão Stuttgarter
Zeitung acrescenta, este domingo, que os testes também incidiram sobre humanos, o
que aumenta a densidade macabra do infeliz estudo.
As marcas de automóveis alemãs já vieram dizer, em
comunicado, que desconheciam em absoluto que esse estudo tivesse usado como
cobaias macacos e muito menos seres humanos, mas a verdade é que o financiaram.
E se atendermos ao objetivo do estudo – verificar se os
gases expelidos pelos escapes dos automóveis eram ou não cancerígenos – que outra
coisa podiam esperar a BMW, a Daimler e a Volkswagen que não a experiência em
humanos ou, por amostra aproximada, em macacos?
As marcas alemãs estão assustadas com a mudança de paradigma
na indústria automóvel e já perceberam que o diesel tem os dias contados. Sentindo-se
impreparadas para o embate, sobretudo com os chineses, japoneses e americanos,
os alemães tinham a ténue esperança de provar que os gases que saem dos escapes
automóveis não faziam assim tão mal. Tudo lhes correu mal e por isso esta nódoa
de óleo vai ser difícil de esquecer.
O governo alemão já reagiu, verberando a iniciativa, mas o mal está feito. Se há povo
que devia ter cuidado com a dimensão humana das suas experiências científicas,
aplicadas à indústria, era o alemão, porque a memória coletiva do planeta ainda
tem bem viva as câmaras de gás, onde pereceram mais de seis milhões de judeus,
durante a segunda guerra mundial.
Numa altura em que os polacos estão furiosos com os
israelitas por estes terem usado a expressão “campos de extermínio polacos”,
acentuando e bem que esses campos apenas se situavam na Polónia, por esta estava ocupada
pelos nazis, mas tal aberração história era alemã, três das maiores marcas
alemãs de automóveis lembraram-nos que os alemães ainda não perceberam totalmente que
há experiência que não se fazem, não se pensam, não se patrocinam.
GAVB
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