Karim Ansarifard é um nome que pouco diz aos portugueses,
mas muito aos iranianos. Karim é um dos principais jogadores da seleção
iraniana de futebol, treinada pelo português Carlos Queirós, e joga no Olympiakos,
da Grécia. Por via disso acabou por namorar com uma grega-americana, a bela Sofia. E como
é natural resolveu tirar uma foto com a sua namorada, tendo como pano de fundo
o estádio do seu clube.
Natural para nós, mas não para a ortodoxia iraniana. Karim
esqueceu que a sharia (lei islâmica que vigora no seu país) proíbe as mulheres
de visitar estádios, deixar-se fotografar ou filmar e nem as suas fotografias
podem aparecer impressas em jornais, revistas, livros ou ser penduradas em
casas comerciais.
Querem lá saber que a rapariga seja grega e não professe a
religião islâmica. É-lhes indiferente, porque, para eles, a mulher de um
muçulmano é propriedade do homem e deve-lhe obedecer, estando na Grécia ou em
Teerão. Também lhes é indiferente que seja namorada ou esposa.
As incompreensíveis restrições que a sharia impõe aos
muçulmanos vão muito para além do razoável, porque não respeitam o ser humano e
invadem a vida até de quem não é muçulmano.
É inconcebível dispor da vida de uma mulher como se ela fosse um objeto como é imoral impor aos homens muçulmanos uma ortodoxia de comportamento em que eles não se reveem.
É inconcebível dispor da vida de uma mulher como se ela fosse um objeto como é imoral impor aos homens muçulmanos uma ortodoxia de comportamento em que eles não se reveem.
Não consigo acreditar que um Deus «determine» comportamentos humanos tão imperfeitos. No entanto, eles proliferam e Karim Ansarifard arrisca mesmo o seu lugar na seleção, além de ser pouco provável que possa levar a namorada a Teerão, porque os iranianos mais ortodoxos não estão para contemplações.
Em 2015, o guarda-redes iraniano (Mohsen Forouzan) publicou uma fotografia sua com esposa. O ato foi considerado imoral e uma ignomínia para o futebol iraniano. O futebolista foi suspenso de toda a atividade profissional durante três meses.
Imoral e absurdo é uma lei religiosa atingir aquilo que o
ser humano tem de mais puro e precioso: a sua individualidade e a sua
liberdade.
GAVB
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