A história tem tanto de insólito como de pitoresco,
perturbador e polémico – em Taiwan, uma mulher levou o filho mais novo a
tribunal, para este pagar o que lhe devia da sua educação. E o tribunal deu-lhe
razão.
A história começa há vinte anos, quando a mãe e filho (então
com vinte anos) assinaram um contrato em que o filho se comprometia a pagar 60%
dos seus rendimentos à mãe, após a sua formatura, como maneira de a compensar
pelo investimento que esta realizara na sua educação enquanto dentista.
Esta mãe teve o mesmo procedimento com o seu outro filho,
mas este procurou um acordo extrajudicial com a progenitora e por isso pagou
uma verba inferior ao irmão, que teve de desembolsar perto de um milhão de
dólares, por ordem do tribunal, para coercivamente, cumprir o contrato assinado
em 1997. Apesar dos ponderosos argumentos invocados pelo dentista, o tribunal deu
como legal o contrato assinado de livre vontade entre as partes, já que o rapaz
era adulto em 1997.
A posição da mãe pode parecer incompreensível, insensível,
oportunista (o que no caso não se aplica), mas a principal lição que tiro desta
história é que os contratos foram feitos para se cumprir, mesmo quando envolvem
pessoas com laços familiares e afetivos.
Por muito que nos pareça frio e calculista, um contrato é o
mais sensato a fazer quando misturamos negócios e sentimentos.
Quando fez aquele contrato com ambos os filhos, aquela mãe
estava a dar-lhes um sinal claro que seria intransigente no seu cumprimento. Ela
cumpriu a parte dela, o filho não queria cumprir a sua, jogando com as emoções da
mãe, da opinião pública e do juiz. Perdeu e perdeu muito bem.
Ainda que mantendo parcialmente o anonimato, esta mãe
referiu que andava preocupada, pois achava que os seus filhos demonstravam clara
intenção de não cuidar dela na velhice, como é obrigação moral e legal em
Taiwan.
Aos vinte anos, aquela mãe quis ensinar aos filhos o valor
da responsabilidade e do compromisso; aos quarenta teve de recorrer à justiça
para ensinar ao mais novo que os contratos se fizeram para se cumprir e a
honradez para se manter.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário